“O direito à liberdade de expressão e o direito de manifestação fazem parte da cultura da TAP, mas devem, todavia, ser exercidos nos termos da lei e sem pôr em causa a liberdade de terceiros”, indicou a administração da TAP Air Portugal em comunicado, ao qual a Lusa teve acesso.
De acordo com a administração, tratou-se de “um ajuntamento de trabalhadores não ordenado, não solicitado e não autorizado”.
“Esse ajuntamento, que decorreu, sensivelmente, entre as 11:00 e as 17:00, dificultou e impediu a livre circulação de pessoas, viaturas e bens, tendo tido impacto no normal funcionamento da nossa atividade no Campus”, salientou.
A administração da TAP lembrou ainda que “todos têm o direito a exprimir a sua opinião e a expor livremente as suas posições e reivindicações”.
Sendo assim, referiu, a companhia “sempre colocou ao dispor de todos os trabalhadores canais de comunicação com a gestão da empresa, seja de forma direta, seja através de entidades representativas dos trabalhadores”.
“O normal funcionamento da empresa e a liberdade de circulação dos trabalhadores e colaboradores da TAP não podem ser postos em causa, pelo que, caso um acontecimento desta natureza volte a ocorrer, a TAP ver-se-á na contingência de ter de defender, nos termos da lei, a liberdade de circulação dos trabalhadores que não se manifestam”, acrescentou.
Mais de uma centena de trabalhadores da TAP estiveram hoje concentrados na entrada das instalações da companhia aérea numa manifestação silenciosa convocada por mensagem.
Na mensagem transmitida entre trabalhadores, a que a Lusa teve acesso, os trabalhadores da companhia aérea foram chamados a manifestar-se de forma “pacífica e silenciosa”, durante a hora de almoço.
“Vamos exigir a sua demissão [do Conselho de Administração]”, lia-se na missiva. “Vamos de forma ordeira mostrar a est@s senhor@s que a TAP não é Versailles e que não têm o nosso apoio nem nos podem exigir sacrifícios enquanto recolhem para eles benefícios despesistas”, acrescentavam.
Mais de uma centena de trabalhadores respondeu ao apelo e encontrava-se concentrada em silêncio, por vezes interrompido por assobios, à porta das instalações da TAP, onde tentaram também impedir a saída de alguns veículos.
Os manifestantes, que deveriam pertencer a vários setores da companhia aérea, não quiseram prestar declarações aos jornalistas.
Em declarações aos jornalistas, Cristina Carrilho, da Comissão de Trabalhadores da TAP, disse estar “solidária” com a concentração espontânea, cujos motivos “têm a sua justeza”.
“Foi a indemnização de 500.000 euros dada à ex-administradora Alexandra Reis, agora são 450 euros para utilizar em Uber àqueles diretores que não tiveram carro da empresa, porque o negócio dos BMW ‘borregou’, como se diz em gíria de aviação, e também a denúncia dos AE [acordos de empresa] e as propostas que estão a ser apresentadas aos sindicatos que, por aquilo que os sindicatos têm dito, efetivamente, não são boas para os trabalhadores, cortam muitos direitos e, portanto, os trabalhadores estão descontentes”, disse a representante.
Cristina Carrilho lembrou que os trabalhadores da TAP têm os vencimentos reduzidos e considerou que “estão no seu direito de exigir a demissão da administração”, que “pôs o pezinho na poça com algumas questões”.
A TAP tem sido protagonista de vários casos na comunicação social, entre os quais a polémica indemnização de 500.000 euros a Alexandra Reis que motivou demissões no Governo.
A companhia aérea está a ser alvo de um plano de reestruturação que inclui cortes salariais aos trabalhadores e que motivou uma greve de tripulantes em dezembro, estando outra já marcada para o final deste mês.
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