António Pedro Silva falava aos jornalistas após uma reunião com os autarcas de Loures, Seixal, Alpiarça e Odivelas, além de presidentes de juntas de freguesia, que decorreu na sede da empresa, em Lisboa, ao mesmo tempo que um grupo de seis dezenas de utentes se manifestava contra o fecho das estações de correios.
“Não vamos abandonar as populações. Estamos empenhados em encontrar as melhores soluções, em diálogo com os autarcas, para que as estações estejam junto das populações, o que faz parte da nossa cultura”, disse António Pedro Silva.
Os CTT informaram hoje que vão disponibilizar 19 novos postos, “limitando assim a três a redução” anteriormente anunciada, postos estes que António Pedro Silva explicou que vêm “do serviço universal, juntamente com o pagamento de vales e faturas”.
As alternativas passam, de acordo com o responsável, além do processo de negociação com a Anafre (Associação Nacional de Freguesias), com soluções como papelarias, adiantando ainda a existência de outras entidades, nomeadamente “pequenos negócios que estão interessados em ter serviço dos CTT”.
O responsável garantiu a existência de “algumas negociações” com os autarcas do Seixal, Loures, Odivelas, Alpiarça e Riba de Ave para que seja encontrada uma solução.
À saída, o presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares, adiantou aos jornalistas não ter sido dada “justificação racional” para o fecho das estações, considerando que se tratam “de critérios puramente economicistas”.
“Há uma total insensibilidade para com as populações e para com as empresas”, acusou o autarca, referindo que a administração dos CTT “está completamente alheia às necessidades e longe do interesse público”, além de estar a querer “passar os custos para outras entidades”.
António Pedro Silva garantiu que o encerramento das estações – processo que não será reversível - não é “um tema economicista”, sublinhando que a empresa está “preocupada" em "manter a proximidade às populações, garantindo um equilíbrio entre a procura das populações” e os serviços com modelos que podem garantir esse equilíbrio.
“Dizer-se que quando encerra uma loja encerra uma loja temos de ir sete quilómetros a uma estação, não é verdade. Há um posto a 200 metros, é preciso esclarecer as populações, o que permite que as populações não se desloquem tanto”, sublinhou o responsável, garantindo que na reunião de hoje não foi encontrada solução imediata para a questão dos quatro autarcas, mas que “há negociações adiantadas”.
O administrador executivo frisou que o que está atualmente em causa é a rede de serviços prestados nas estações dos correios e não a rede de distribuição, garantindo que o serviço realizado pelos carteiros não está em causa, já que estes “vão continuar a percorrer as ruas de Portugal e a cada um dos portugueses entregar as suas cartas".
Questionado sobre se o encerramento das estações levará ao encaixe de 45 milhões [de acordo com o plano de reestruturação divulgado em dezembro, a administração dos CTT referiu ser expectável que o plano de transformação operacional tenha uma contribuição positiva de até 45 milhões de euros para o EBITDA - resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações], António Pedro Silva explicou que o valor tem a ver com o plano alargado.
“Esses 45 milhões é do valor de um plano alargado que não este modelo de encerramento de lojas. Este modelo permite ainda reforçar a qualidade noutros pontos dos CTT, quando se olha à rede integral podemos encontrar soluções que respondem às necessidades das populações. Obviamente que a utilização dos nossos recursos garante maior qualidade noutras lojas”, frisou.
O responsável reiterou que aquilo que será pago “é uma transferência de custos fixos para custos variáveis”, sublinhando tratar-se “naturalmente de um modelo que terá algumas vantagens”.
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