“Estas são apenas as baixas civis que conseguimos documentar, os números reais serão muito superiores”, disse Bachelet, citada num comunicado divulgado pelo seu gabinete.

Os dados da ONU referem-se à ofensiva dos rebeldes talibãs nas cidades de Lashkar Gah, Kandahar, Herat e Kunduz.

Bachelet recordou que “lançar ataques contra civis é uma grave violação do direito humanitário internacional e equivale a um crime de guerra”.

“Os autores de graves violações dos direitos humanos e do direito humanitário internacional devem ser responsabilizados”, disse.

Bachelet expressou também preocupação com indícios de que os talibãs “estão a impor severas restrições aos direitos humanos nas áreas sob o seu controlo, visando particularmente as mulheres”, que, em vários distritos, estão proibidas de sair de casa sem a companhia de um homem.

“As pessoas receiam, com razão, que a tomada do poder pelos talibãs apague os ganhos de direitos humanos das duas últimas décadas”, disse.

Bachelet apelou aos talibãs para que suspendam as suas operações militares nas cidades afegãs, dizendo que “a menos que as partes regressem à mesa de negociações e cheguem a uma solução pacífica, a já grave situação poderá agravar-se para muitos no Afeganistão”.

A alta comissária exortou também a comunidade internacional a utilizar a sua influência bilateral e multilateral para pôr fim às hostilidades.

Desde o início da ofensiva talibã em maio, pelo menos 241.000 pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas, e as infraestruturas de muitas cidades, incluindo estradas, foram gravemente danificadas, disse o gabinete de Bachelet.

A situação é particularmente dramática em Lashkar Gah, capital da província de Helmand, onde pelo menos 139 civis foram mortos e 481 feridos nas últimas duas semanas.

A ofensiva talibã coincidiu com a retirada das forças norte-americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), após 20 anos de operações militares.

Os talibãs lideraram o Afeganistão entre 1996 e 2001, impondo a sua versão rigorosa da lei islâmica.

Em 2001, foram atacados por uma coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, que tentavam capturar Osama bin Laden depois dos atentados de 11 de setembro.