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Sarah Leslie lembra-se muito bem do momento em que visitava a Zona Desmilitarizada da Coreia e Travis King, um dos visitantes, correu em direção contrária ao grupo. Um soldado americano gritou: "Agarrem-no!", mas já era tarde demais.
King também é um soldado americano e cruzou a fronteira da Coreia do Norte, onde as autoridades dos Estados Unidos acreditam que ele esteja preso e afirmam estar "muito preocupadas" com o tratamento que está a receber.
A advogada neozelandesa Sarah Leslie e King faziam parte do mesmo grupo de visita guiada em 18 de julho, na Zona Desmilitarizada - que marca a fronteira entre as duas Coreias.
A advogada falou sobre o momento em que o militar correu em direção à linha de fronteira, de repente.
"Quando eu vi, já estava a correr muito rapidamente e, então, um dos soldados americanos disse 'agarrem-no!'. Todos os outros americanos e sul-coreanos correram atrás dele", explicou.
"Mas não conseguiram apanhá-lo e já estava muito perto da fronteira. Correu entre dois dos edifícios que ficam na fronteira", aí os americanos e os sul-coreanos que estavam atrás dele tiveram que voltar, acrescentou Leslie.
De acordo com os protocolos do armistício que encerrou a guerra da Coreia em 1953, não têm autorização para entrar no território norte-coreano para recuperar o soldado King.
"Eu acho que nunca vi ninguém correr tão rápido", acrescentou a advogada.
Travis King, que segundo a imprensa tem 23 anos, deveria voltar aos EUA e enfrentar medidas disciplinares, após uma briga num bar, uma confusão com a polícia e uma passagem pela cadeia na Coreia do Sul.
Em vez disso, conseguiu juntar-se a um grupo de turistas que visitava a fronteira entre as duas Coreias, cruzou a divisa - severamente vigiada - e entrou no território da Coreia do Norte.
Nenhum norte-coreano à vista
A Coreia do Norte fechou as suas fronteiras no início da pandemia, em 2020, e desde então não reabriu. As forças de segurança do seu lado da fronteira na Zona Desmilitarizada também foram reduzidas.
Leslie garante que não viu "nenhum norte-coreano" durante a visita. A AFP visitou a zona neste ano, e também não viu guardas norte-coreanos.
A advogada conta que o grupo deu uma volta pelo centro de Panmunjom, onde em 2019 o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cruzou a fronteira para a Coreia do Norte e visitou o líder Kim Jong Un.
King ficou com o grupo durante todo o dia, mas "estava sozinho e não parecia estar a falar com mais ninguém", lembrou Leslie.
"Achei que estava louco"
A Coreia do Norte não comentou o incidente, nem respondeu aos esforços dos EUA - que não goza de relações diplomáticas oficiais com o regime de Kim - para obter uma explicação, informou Washington.
"Quando vi que ele continuou a ir, eu achei que estava louco. Naquele momento não fazia ideia que era um soldado. Não conseguia pensar em nenhum motivo para alguém fazer aquilo", acrescentou a testemunha.
"No autocarro, quando saímos da área conjunta de segurança, foi quando as pessoas começaram a trocar olhares, em choque" com o acontecimento.
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