A Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) avaliou a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, na sequência de terem sido reportados casos de coágulos de sangue que levaram vários países a suspender a sua utilização por precaução, incluindo Portugal.

Durante a conferência de imprensa, a diretora executiva da EMA, Emer Cooke, anunciou que após deliberação do Comité de Avaliação do Risco em Farmacovigilância (PRAC), este chegou a uma "conclusão clara e científica" de que a vacina da AstraZeneca é "eficaz e segura", sendo que os seus "benefícios em proteger as pessoas da covid-19 e dos seus efeitos associados de morte e hospitalização" ultrapassa "os seus possíveis riscos".

Para além disso, o comité concluiu também que a vacina não "não está associada ao aumento do risco de casos de tromboembolismo ou coágulos".

De acordo com um perito da agência europeia com sede em Amesterdão, a análise da ligação entre episódios de tromboembolismo e a vacina da AstraZeneca/Oxford contra a covid-19 combina estatística e exames de casos individuais.

Emer Cooke sublinhou que estes foram episódios “raros mas bastante graves” de um total de mais de sete milhões de pessoas vacinadas na União Europeia com o fármaco da AstraZeneca e de 11 milhões no Reino Unido.

“As pessoas podem confiar na vacina”, assegurou Emer Cooke, reforçando que estes não são casos “inesperados […] porque se está a vacinar milhões e milhões de pessoas”.

Ainda assim, a responsável admitiu que, “com base nas provas recolhidas, e após dias de investigação aprofundada a resultados laborais e a relatórios clínicos e de autópsia, […] ainda não é possível descartar totalmente uma ligação entre este tipo de casos e a vacina”, dado também este ser um processo de vacinação a grande escala.

“O que o comité fez foi aumentar a consciencialização sobre este tipo de riscos, garantindo que eles passam a constar da informação relativa ao fármaco e chamando a atenção para estes possíveis efeitos secundários”, acrescentou, anunciando novas investigações para “conhecer mais sobre estes casos raros”.

O objetivo é que, a partir de agora, seja mais fácil para os profissionais de saúde “detetar e mitigar eventuais efeitos secundários”, adiantou Emer Cooke.

“Se fosse por mim, seria vacinada [com o fármaco da AstraZeneca] já amanhã, mas também é importante estar consciente dos efeitos secundários e é isso que estamos a divulgar”, disse ainda a responsável pelo regulador europeu.

Cooke garantiu ainda que, tendo em conta que na semana passada 2500 pessoas morreram devido à Covid-19 na Europa num só dia, a reavaliação desta vacina foi uma prioridade máxima para a EMA, tendo mobilizado os seus especialistas para verificar o fármaco o mais rápido possível. Após esta avaliação, a responsável afirma que os estados-membro já "têm a informação de que necessitam para tomar uma decisão informada sobre o uso da vacina da AstraZeneca".

O aval da EMA surge um dia depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) também ter recomendado a continuação da administração da vacina da AstraZeneca contra a covid-19, cuja utilização foi suspensa por vários países devido a possíveis efeitos colaterais.

“Neste momento, a OMS estima que o balanço risco/benefício está a inclinar-se a favor da vacina AstraZeneca e recomenda que as vacinas continuem” a ser administradas, disse o organismo em nota divulgada na quarta-feira.

Emer Cooke disse na terça-feira que até 12 de março tinham sido registados 30 casos de episódios de tromboembolismos identificados em cinco milhões de pessoas vacinadas. Na altura, a diretora executiva da EMA disse também estar “firmemente convencida que as vantagens da vacina AstraZeneca na prevenção da covid-19, com o seu risco associado de hospitalização e morte, superam o risco dos seus efeitos secundários”.

Entretanto, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para a Saúde (MHRA) do Reino Unido afirmou também esta quinta-feira que não encontrou nenhuma relação direta entre as vacinas contra a covid-19 da AstraZeneca/Oxford e da Pfizer/BioNTech e a formação de coágulos no sangue.

“Na nossa revisão minuciosa, as provas não mostram evidências de que os coágulos de sangue nas veias aconteçam mais do que seria esperado na ausência de vacinação, para nenhuma das vacinas”, afirmou a diretora executiva da MHRA, June Raine.

Além destes efeitos secundários, a AstraZeneca tem estado na ‘mira’ da Comissão Europeia por demoras na entrega de vacinas à UE e, no fim de semana passado, anunciou novos atrasos, invocando as restrições impostas pela UE à exportação.

Devido a tal cenário, a Comissão Europeia anunciou na terça-feira ter chegado a acordo com a BioNTech-Pfizer para a entrega antecipada de 10 milhões de doses da vacina contra a covid-19, que estarão disponíveis já no segundo trimestre.

Na quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou que os atrasos na produção e entrega de vacinas da covid-19 pela farmacêutica AstraZeneca tenham “reduzido a velocidade da campanha de vacinação” na UE.

De acordo com a responsável, a farmacêutica britânica comprometeu-se inicialmente a “fornecer 90 milhões de doses até final do trimestre, mas fez uma primeira redução para 40 milhões e agora a sua projeção é de reduzir para 30 milhões”.

Falando em conferência de imprensa em Bruxelas na quarta-feira, Ursula von der Leyen ameaçou ainda endurecer as condições de exportação de vacinas da covid-19 para fora da UE se não houver reciprocidade na entrega de vacinas no bloco.

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