“Pela primeira vez desde março, a ajuda humanitária chegou às pessoas em Palma, norte de Moçambique”, anunciou o Programa Alimentar Mundial (PAM) na Internet.
“Numa missão do PAM, Organização Internacional das Migrações (OIM), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Solidarité em coordenação com o Governo, 2.150 famílias receberam ‘kits’ de alimentação, higiene e abrigo de emergência”, referiu a organização.
As agências das Nações Unidas juntam-se a organizações não-governamentais (ONG) moçambicanas, particulares e empresas que têm feito chegar alguma ajuda a Palma, mas que se tem revelado insuficiente devido a dificuldades logísticas, fuga em massa da população, destruição de infraestruturas e insegurança – que até julho impedia um retorno à atividade agrícola.
Perante o cenário, a Rede de Alerta Antecipado de Fome (rede Fews, sigla inglesa) anunciou num relatório no início do mês que a crise alimentar que se vive em Cabo Delgado, norte de Moçambique, deverá persistir no próximo ano, apesar de os níveis de violência armada estarem a diminuir.
Por outro lado, “devido à falta de financiamento”, nalguns meses, as rações distribuídas pelo PAM têm servido para cobrir “cerca de 39% das necessidades de quilocalorias diárias” dos beneficiários, de acordo com o mesmo documento.
Cabo Delgado é uma província rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O conflito já provocou mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu aumentar a segurança, recuperando várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamente a vila de Mocímboa da Praia, que estava ocupada desde agosto de 2020.
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