Capacidade de liderança e de gestão de crises foram qualidades a que o primeiro-ministro da Renânia do Norte-Vestefália, e candidato a chanceler pela CDU, habitou os alemães. Mas depois das cheias de 14 e 15 de julho, que afetaram muito a sua região, Armin Laschet cometeu vários erros que tem vindo a pagar nos gráficos de popularidade.

O mais grave, e possivelmente mais difícil de perdoar para o eleitorado, aconteceu quando Laschet foi visto a rir-se, atrás do Presidente da Alemanha, enquanto este fazia um discurso para a televisão numa das cidades mais assoladas pelas cheias.

“Este gesto foi visto como um sinal de que ele não estava suficientemente dedicado à gestão da crise provocada pelas cheias. As pessoas esperavam mais compaixão com as vítimas deste desastre. Normalmente este até é um dos seus atributos, mas desta vez não aconteceu”, sublinhou à agência Lusa Martin Kessler, editor de política do jornal Rheinische Post.

Já Olaf Scholz, ministro das Finanças e candidato a chanceler pelo SPD, conseguiu transmitir uma imagem de confiança, depois de aparecer ao lado de Malu Dreyer, primeira-ministra do Estado da Renânia-Palatinado, também um dos mais afetados pelas cheias.

“Ela é uma política experiente, e que encontrou o tom certo, apesar da gestão da crise na sua região ter corrido bastante mal”, acrescentou o jornalista Martin Kessler.

De acordo com uma sondagem revelada na quinta-feira pelo instituto Infratest dimap, se as eleições fossem hoje a CDU/CSU recolhia 23% dos votos (em 2017 conseguia 32,9%), o SPD 21% (frente aos 20,5% de há quatro anos), e os Verdes conquistavam 17% das preferências (nas últimas eleições reuniam 8,9% dos votos).

Apesar deste crescimento dos Verdes em relação às últimas eleições, os números não têm sido favoráveis à candidata Annalena Baerbock. O partido chegou a liderar as sondagens a 08 de maio, caindo agora para a terceira posição.

Tal como Scholz e Laschet, também Baerbock visitou locais afetados pelas cheias, mas sem a presença de câmaras de filmar. A líder dos Verdes atacou o governo federal pela reação lenta e pela falta de preparação. Na rede social Twitter escreveu que a proteção ambiental deve acontecer “agora”. Mas o partido não conseguiu capitalizar em votos o sucedido.

Em declarações à Lusa, o politólogo Edgar Grande lembra que as questões ambientais, o assunto que, a par da pandemia, mais preocupa os alemães, já não pertence apenas aos Verdes, mas sim a todos os partidos, por existirem uma série de subtemas associados, dos económicos aos sociais.

As cheias ajudaram a prevenir que as questões ambientais fossem esquecidas, acredita o diretor e fundador do Centro de Investigação da Sociedade Civil, que integra o Centro de Ciências Sociais de Berlim (WZB).

“É impossível simplificar o debate sobre mudanças climáticas. Espero alguma mobilização nas ruas nas próximas semanas, são esperadas algumas manifestações em Munique, mas não só aí. Haverá mais radicalização e polarização neste debate. Não conduzido pelos partidos, ou por estratégias partidárias, mas vindo de fora”, apontou.

Esta radicalização, acredita Edgar Grande, vai obrigar os partidos a tomarem “posições claras” em questão aos temas ambientais. As eleições legislativas na Alemanha estão marcadas para 26 de setembro.

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