“Na Europa, e Pedro Santana Lopes tem-no referido, a importância da coesão e da convergência, é crucial. Não há integração europeia, não há integração nenhuma de economias e de sociedades, que é o caso europeu, com o grau de desigualdade que existe na Europa”, afirmou em entrevista à agência Lusa.
Essa desigualdade “é a razão de ser” da crise europeia, porque a Europa foi sempre construída na base de “um esforço consciente de convergência”, mas esse esforço “deixou de acontecer há 20 anos com a criação da moeda única”, que foi “incompleta e mal feita” por “razões políticas”.
“Quando em 1969/70 foi proposto um plano da criação de uma União Económica e Monetária (UEM) na Europa, esse plano tinha mecanismos que desapareceram na criação da moeda única. Havia a consciência de que entre seis países, que eram os que existiam, era preciso haver mecanismos que garantissem que os choques assimétricos e as diferenças entre as economias não afetassem aquelas sociedades e aquelas economias”, explicou.
Quando décadas depois foi finalmente criada a moeda única, esses mecanismos não foram tidos em conta, e “as consequências viram-se”, “sobretudo quando em 2008 veio um choque de fora com aquela dimensão, que ainda hoje nos assombra”.
“Por isso é crucial que haja de facto uma verdadeira reforma da zona euro, em particular a união bancária, mas também a união económica e um plano orçamental” comum.
Paulo Sande, que professor universitário e especialista em Assuntos Europeus, insistiu que em matéria de união monetária e económica “tudo passa por uma única palavra: solidariedade” e frisou que “isso tem de ser concreto”.
“E há aí um problema político de fundo e é preciso lutar por isso e Portugal tem de ser muito claro: sem solidariedade, não vale a pena, não há reforma”, “é o futuro da UE que está em causa”, defendeu.
Sande admitiu que vai ser necessário “convencer parceiros como a Alemanha, Holanda, Finlândia e outros”, mas frisou que Portugal tem de “ter uma voz, com os seus aliados, e são vários, que seja capaz de colocar essa questão como a questão decisiva”.
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