"O ministro [do Ambiente] tem de dar um murro na mesa e dizer que já bastam 40 anos de Almaraz. Tem de ter uma posição forte com o Governo espanhol", afirmou aos jornalistas António Eloy, do MIA.
O movimento, que defende o encerramento da central de Almaraz, realizou esta tarde em Lisboa uma conferência com representantes das associações ambientalistas Quercus e Zero para manifestar a sua apreensão perante a notícia da construção de um armazém de resíduos nucleares na localidade espanhola.
"A semana passada o Conselho de Segurança Nuclear deu uma informação favorável à construção de um Armazém Temporal Individual (ATI) na central nuclear de Almaraz, o que abre a porta ao prolongamento desta para além dos 40 anos", apontou o porta-voz do MIA.
Na sua intervenção, António Eloy recorreu a estudos e a notícias referentes à central nuclear espanhola para dar conta da existência de peças defeituosas nos geradores e nas bombas de água e, consequentemente, da "forte" probabilidade de ali ocorrer um acidente nuclear.
"Portugal pode vir a ser afetado, caso ocorra um acidente grave, quer por contaminação das águas, quer por contaminação atmosférica, pela grande proximidade geográfica. Isso traria sérios impactos imediatos para toda a zona fronteiriça, em especial para os municípios de Castelo Branco e Portalegre", alertou.
Entretanto, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, afirmou esta tarde no parlamento que foi pedida uma reunião urgente a Espanha para debater as questões relacionadas com a central de Almaraz, sublinhando que Portugal "intervirá para garantir o cumprimento de segurança".
Confrontado com esta intenção do Governo português, o representante do MIA disse que "era pouco", uma vez que, no seu entendimento, a posição portuguesa "deverá ser a de exigir o encerramento imediato da central espanhola".
"Queremos reunir-nos com o ministro e mostrar-lhe os riscos que a central representa. Não queremos que ele baseie apenas a sua opinião naquilo que diz o Governo espanhol", concluiu.
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