Inserida no “Project Room”, do Museu Arte Arquitetura Tecnologia (MAAT), Ângela Ferreira concretizou a exposição “Pan African Unity Mural”, que consiste numa série de pinturas e desenhos nas paredes de uma das salas do MAAT, numa escultura e numa estrutura de maqueta arquitetónica.
“Ao contrário de como sempre trabalho, comecei a trabalhar em vários sentidos e a ideia de intersecções em África, a ideia de que as fronteiras de África são todas artificiais e que os problemas de imigração em África são muito parecidos ou tão graves como são na Europa”, afirmou hoje Ângela Ferreira numa apresentação da exposição aos jornalistas.
Nas paredes do espaço expositivo, Ângela Ferreira pintou quatro reproduções de murais – e o contexto onde estão inseridos – que fotografou em África, e desenhou a traço preto fragmentos de lugares e casas que remetem para a história de Miriam Makeba e de George Wright.
Antigo membro do grupo radical norte-americano Black Liberation Army, George Wright tornou-se notícia há alguns anos em Portugal, quando foi detido pelas autoridades portuguesas, com um mandado de captura internacional, acusado de um crime de assassinato nos anos 1960.
O percurso deste homem, que tem nacionalidade portuguesa enquanto Jorge dos Santos, passou pela Guiné-Bissau e é citado nesta instalação de Ângela Ferreira, por exemplo, num retrato desenhado e numa imagem da casa dele em Portugal.
Nesta instalação temporária “Pan African Unity Mural”, que ficará patente no MAAT até 08 de outubro, Ângela Ferreira explicou que toca, “num sentido muito abstrato”, em questões que o continente africano enfrenta: “O problema das migrações, das comunicações e circulações”.
Nascida em Moçambique, em 1958, Ângela Ferreira tem vindo a dedicar grande parte do seu trabalho à reflexão sobre o passado colonial e ao discurso pós-colonial. Viveu entre Portugal e a África do Sul, onde estudou e presenciou a última década do ‘apartheid’.
“O meu trabalho continua a ser reivindicativo e aplico esta metodologia de usar a arte como forma de transmitir ideias. Estas questões ainda são um campo importante na minha pesquisa”, resumiu a artista, numa entrevista à agência Lusa em 2017.
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