“Precisamos de pensar mais urgentemente no que se pode fazer para reforçar economia ucraniana a médio e longo prazo. Não basta a UE concordar em deixar a Ucrânia ser candidata se significa 10-15 anos de negociações capítulo a capítulo até poder finalmente aderir”, criticou.

Fallon acrescentou que “é igualmente inútil um clube exclusivo como a NATO dizer que um dia [a Ucrânia] poderá aderir e arranjar alguma forma de parceria preliminar”.

“Ambos os clubes precisam de abrir as suas portas, tal como a Polónia abriu portas aos refugiados ucranianos. Precisamos encorajar a UE a começar agora um processo de adesão dinâmica para abrir as fronteiras ao comércio ucraniano e desmantelar as tarifas e regulamentos para integrar a Ucrânia mais rapidamente, para permitir à Ucrânia ter acesso a instituições de crédito com o Banco Investimento Europeu e o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento”, acrescentou.

O político, que abandonou o parlamento britânico em 2019, falava hoje num debate organizado em Londres pela Fundação Instituto de Estudos do Leste, organizadores do Fórum Económico em Karpacz, na Polónia, e a New Europeans International, sobre os desafios da economia ucraniana.

Fallon alegou que, em 2014, foi travado pelo então governo de coligação entre o Partido Conservador de David Cameron e os Liberais Democratas de Nick Clegg de fornecer armas à Ucrânia quando a Rússia anexou ilegalmente a Crimeia.

Ainda assim, reivindicou no início em 2015 um programa de treinos de soldados ucranianos pelo Reino Unido, que ainda continua, e o envio de equipamento militar no início de 2022, antes da invasão em 24 de fevereiro.

Segundo o antigo ministro, que foi responsável pela pasta da Defesa entre 2014 e 2017, “há uma série de coisas que podem ser feitas agora e que os nossos políticos podem fazer agora”, nomeadamente o reforço da defesa antiaérea, até agora “feito de forma esporádica e a conta-gotas”.

“Precisamos de coordenar melhor o abastecimento de armas que a Ucrânia precisa para parar a avalanche de mísseis da Rússia” e proteger as infraestruturas, como centrais elétricas, hospitais, pois isto vai afetar diretamente a população civil, alertou.

Fallon urgiu também a concretização “nas próximas semanas e meses” dos compromissos financeiros feitos pela comunidade internacional para que a Ucrânia continue a pagar salários, pensões e apoios sociais, e o alargamento e reforço de sanções internacionais, nomeadamente ao sistema financeiro russo.

Igualmente presente, o deputado ucraniano Oleksiy Goncharenko elogiou o Reino Unido e a Polónia por terem mostrado ser “os melhores amigos, os mais ativos no apoio, e os mais inteligentes em perceber o que se estava a passar perante o risco da tirania russa e da guerra brutal para o resto do mundo”.

“Atualmente, é claro que a Ucrânia está a ganhar, a questão é quando vai a guerra acabar. O nosso objetivo é acabar guerra o mais depressa possível”, afirmou, identificando a falta de armamento como o principal obstáculo.

Goncharenko disse que os países ocidentais devem parar de hesitar em fornecer mísseis de longo alcance, aviões de combate e tanques porque “a situação humanitária está a piorar” e à beira de se transformar numa “catástrofe”.