António Guterres afirmou também que o mundo precisa de um novo modelo de desenvolvimento, ligado às alterações climáticas, que garanta justiça e igualdade entre as pessoas, mas também uma relação boa entre a população e o planeta.
O secretário-geral declarou-se e foi apresentado como “ouvinte principal” em vez de orador na abertura da Cimeira da Ação Climática para a Juventude, que se iniciou hoje na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, e fez estas observações depois de quatro jovens ativistas, entre os quais Greta Thunberg, terem falado.
António Guterres mencionou que os conflitos políticos e geográficos acontecem há milhares de anos, mas a novidade é que as populações estão em conflito com o planeta e as consequências estão a atingir os mais vulneráveis.
O conflito com a natureza “pode ser absolutamente destrutivo para o futuro das nossas comunidades e das nossas sociedades”, alertou o secretário-geral da ONU.
Para António Guterres, não faz sentido que existam, em várias partes do mundo, subsídios para a utilização de combustíveis fósseis, porque os subsídios são financiados com o dinheiro dos contribuintes.
“Não faz sentido que o nosso dinheiro seja usado para provocar furacões ou para branquear os corais ou para destruir comunidades”, exclamou o político português.
O fim dos subsídios pode significar um alívio nas contas dos contribuintes, permitindo um maior movimento na economia verde e a criação de empregos decentes.
António Guterres afirmou que é possível criar uma estratégia de duplo ganho ('win-win') ao combinar ação climática com uma globalização justa, com a Agenda 2030 e os objetivos de desenvolvimento sustentável.
Por outro lado, lembrou que há uma grande diferença no diálogo sobre alterações climáticas, desde há dois anos e que a principal fonte de uma mudança no impulso foi a juventude.
“Esta alteração no impulso foi em grande parte devido à vossa iniciativa e coragem com que começaram o movimento e transformaram, de um pequeno movimento em frente a um parlamento […] em milhões de todo o mundo a dizerem claramente que não querem só que os políticos mudem de comportamento, mas que também sejam responsabilizados”, disse António Guterres a todos os jovens.
O secretário-geral relembrou que há dois anos, quando começou os trabalhos para a Cimeira da Ação Climática, sentia-se muito negativo e pessimista sobre o estado do ambiente e o combate às alterações climáticas, porque “havia uma sensação de apatia e era muito difícil por todos a dialogar” a nível político.
A impressão negativa mudou “de repente” com o impulso pelos movimentos dos jovens. Apesar de o mundo estar em situação “dramática” e crítica em termo de ambiente, natureza e recursos naturais, o secretário-geral destaca o entusiasmo vindo por parte dos jovens.
Desta forma, o português incentivou os jovens que continuem com o movimento pelo combate às alterações climáticas e as mobilizações em todo o mundo.
“Cada vez mais, responsabilizem mais a minha geração. A minha geração tem fracassado até agora em preservar a justiça no mundo e em preservar o planeta”, declarou o português de 70 anos.
O ouvinte principal do painel de abertura da Cimeira da Ação Climática disse que o problema dos líderes políticos é que eles falam demasiado, mas ouvem muito pouco.
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