“Peço à Federação Russa que retome a aplicação dos acordos do Mar Negro e exorto a comunidade internacional a permanecer unida neste esforço para encontrar soluções efetivas”, disse Guterres, na abertura em Roma da Cimeira das Nações Unidas sobre sistemas alimentares, encontro co-organizado pelo Governo italiano.

A capital italiana, sede de várias agências da ONU focadas no setor da alimentação (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura — FAO, Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola — IFAD e Programa Alimentar Mundial -WFP), acolhe esta semana esta reunião para efetuar um balanço dos acordos alcançados há dois anos em Nova Iorque durante uma conferência sobre sistemas alimentares.

Na passada quarta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, assegurou que a Rússia está preparada para regressar ao acordo sobre a exportação de cereais ucranianos, que suspendeu em 17 de julho ao considerar que os seus envios de produtos agrícolas e de fertilizantes estão bloqueados pelas sanções ocidentais, caso as suas exigências sejam concretizadas “na totalidade”, e sem as quais o prolongamento do pacto “deixa de ter sentido”.

As exigências da Rússia incluem a reintegração do seu banco agrícola, Rosselkhozbank, no sistema bancário internacional SWIFT, o levantamento das sanções sobre as peças sobresselentes para a maquinaria agrícola, o desbloqueamento da logística de transportes e dos seguros e o descongelamento de ativos.

As autoridades russas pretendem ainda a reabertura do oleoduto Togliatti-Odessa, destinado à exportação de amoníaco, componente decisivo para os fertilizantes russos. Esta estrutura, fora de serviço desde o início do conflito em curso na Ucrânia, foi danificada por uma explosão em 05 de junho, ação que Moscovo atribuiu a Kiev.

Assinado no verão de 2022 em Istambul pela Ucrânia e pela Rússia, sob a mediação da ONU e da Turquia, o acordo abrange os cereais ucranianos e a exportação de fertilizantes e de produtos alimentares russos.

Segundo dados das Nações Unidas, desde que o acordo entrou em vigor, perto de 33 milhões de toneladas de cereais foram escoados a partir dos portos do sul da Ucrânia.

A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).