À margem da 77.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, num evento que assinala o Dia Internacional da Eliminação Total de Armas Nucleares, Guterres comprometeu-se a trabalhar estreitamente com todos os Estados-Membros para neutralizar as ameaças nucleares, recordando o período da Guerra Fria, que colocou “a Humanidade a poucos minutos da aniquilação” e estabelecendo um paralelo com o atual “esgrimir dos sabres nucleares”.
“Deixem-me ser claro: a era da chantagem nuclear deve terminar. A ideia de que qualquer país poderia lutar e vencer uma guerra nuclear é insana. Qualquer uso de uma arma nuclear incitaria um armageddon humanitário. Precisamos de recuar”, disse.
Face aos reveses na Ucrânia, o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou, na semana passada, uma mobilização parcial que abrange 300.000 reservistas e ameaçou usar todas as armas, incluindo nucleares, em caso de ameaça à integridade territorial da Rússia, sublinhando não estar a “fazer bluff”.
Num momento em que a 77.ª Assembleia-Geral da ONU se aproxima do fim, Guterres aproveitou a presença de vários chefes de Governo e de Estado em Nova Iorque para apelar a um novo compromisso contra o uso de armas nucleares.
“Exorto todos os Estados a usarem todas as vias de diálogo, diplomacia e negociação para aliviar as tensões, reduzir o risco e eliminar a ameaça nuclear. Mais amplamente, também precisamos de uma nova visão para o desarmamento nuclear e a não-proliferação”, pediu.
“No mês passado, tive a honra de visitar Hiroshima e conhecer os bravos sobreviventes do ataque [nuclear] de 1945, os hibakusha. A cada ano, os seus números diminuem. Mas a mensagem deles fica mais audível: as armas nucleares são o poder mais destrutivo já criado. Elas não oferecem segurança — apenas carnificina e caos. A sua eliminação seria o maior presente que poderíamos dar às gerações futuras”, declarou Guterres.
O líder das Nações Unidas recordou que a sua proposta de Nova Agenda para a Paz exige um desarmamento significativo e o desenvolvimento de um entendimento comum das múltiplas ameaças que a humanidade enfrenta.
“Precisamos de levar em conta a evolução da ordem nuclear, incluindo todos os tipos de armas nucleares e seus meios de lançamento. E precisamos abordar as linhas ténues entre armas estratégicas e convencionais e o nexo com novos domínios do ciberespaço e do espaço sideral”, afirmou.
“Sem eliminarmos as armas nucleares, não poderá haver paz. Não pode haver confiança. E não pode haver futuro sustentável. Vamos sair da Assembleia deste ano com um novo compromisso de trabalhar para o futuro pacífico que todos buscamos”, apelou.
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