“É com muito regozijo que recebemos a notícia de que Francis Kéré venceu o Pritzker, porque é uma justiça que se faz a ele, uma vez que já tinha sido nomeado no passado, e é também uma justiça que se faz à arquitetura africana”, disse à Lusa o secretário-geral da OARQ, Anselmo Cani.

Cani afirmou que ninguém fica indiferente à arquitetura singular do premiado.

“Ele encontrou uma textura muito própria, que combina elementos de tecnologia moderna e de tecnologia ancestral africana”, enfatizou o secretário-geral da OARQ, que conheceu pessoalmente o vencedor do Pritzker 2022 em 2007, em Bruxelas.

Anselmo Cani, diretor-adjunto da Faculdade de Arquitetura e Planeamento Físico da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), afirmou que a distinção vai aumentar a visibilidade do trabalho que se faz em África, fazendo jus à qualidade dos projetos desenvolvidos por profissionais da área no continente.

Luís Lage, docente na Faculdade de Arquitetura e Planeamento Físico da UEM, disse à Lusa que o trabalho de Francis Kéré é relevante nos dias de hoje, porque assenta na ideia de sustentabilidade e da conciliação da arquitetura com os desafios colocados pelo clima.

“Há muita geografia nos trabalhos de Francis Kéré, porque desenvolve projetos com base em materiais locais e na atenção à sustentabilidade”, declarou Lage.

Luís Lage destacou que Moçambique está no trajeto da obra de Francis Kéré, porque este arquiteto projetou uma escola e um assentamento urbano na província de Tete, centro de Moçambique.

Kéré é o primeiro profissional africano a conquistar o mais importante galardão da arquitetura mundial, anunciou terça-feira a organização.

“Francis Kéré está a ser um pioneiro da arquitetura — sustentável para a terra e para os seus habitantes — em terrenos de extrema escassez. […] Através de edifícios que mostram a beleza, a modéstia, o arrojo e a invenção, e pela integridade da sua arquitetura e gesto, Kéré sustenta, com graciosidade, a missão deste prémio”, lê-se na nota do júri, divulgada em comunicado