“Estou profundamente chocada e magoada por ter lido notícias que são absolutamente falsas. Nunca tive relações sexuais com o Bennett”, pode ler-se na carta que a atriz partilhou com um jornalista do HuffPost e a que o The Guardian teve acesso.

De acordo com uma notícia avançada esta segunda-feira pelo The New York Times, a atriz terá chegado a acordo com o jovem Jimmy Bennett, que a acusou de o ter “agredido sexualmente, no quarto de um hotel na Califórnia, quando ele tinha 17 anos e ela 37”. O acordo previa o pagamento de 380 mil dólares (cerca de 333 mil euros).

Segundo a atriz, os dois foram apenas amigos durante alguns anos, tendo a amizade terminado quando Bennett “inesperadamente pediu uma quantia exorbitante de dinheiro”, diz Asia Argento na carta.

O pedido de dinheiro surgiu depois de Argento ter acusado o produtor Harvey Weinstein de assédio sexual e durante um período em que Bennett estava a passar por "problemas económicos graves", acrescenta.

O jornal norte-americano assegura que teve acesso a informação trocada entre os advogados de Asia Argento e de Jimmy Bennett onde estão documentados a acusação e o acordo, incluindo uma selfie de 2013 com os dois deitados numa cama.

A acusação não chegou a ser formalizada na justiça.

Argento diz que o pagamento foi feito pelo seu namorado, Anthony Bourdain, chef que morreu em junho deste ano. Este terá dado o dinheiro a Jimmy Bennett para evitar “publicidade negativa”, uma vez que considerava o jovem ator uma pessoa “perigosa” e que podia afetar a sua “reputação” pública.

O apoio financeiro implicava que Bennett "não se intrometesse mais" na vida do casal.

As autoridades da Califórnia afirmaram, esta segunda-feira, que estão a olhar para o caso reportado pelo jornal e para as alegações feitas por Bennett, noticiou o The New York Times.

Na carta partilhada pela atriz, Argento termina referindo que vai "tomar a curto prazo todas as iniciativas necessárias" para sua "proteção".

A atriz e realizadora italiana está entre as dezenas de mulheres que denunciaram uma série de casos que vão desde comportamentos sexuais abusivos a acusações de violação por parte do produtor norte-americano Harvey Weinstein. O chamado ‘escândalo Weinstein’ rebentou em outubro do ano passado, com a publicação de artigos no jornal The New York Times e na revista The New Yorker.

Asia Argento acabou por tornar-se um dos rostos do movimento #MeToo (#EuTambém, na tradução em português, e usado como frase-chave para o movimento de denúncia e combate a assédio sexual de mulheres, espoletado pelas denúncias contra Harvey Weinstein). Em maio, no Festival de Cinema de Cannes, França, discursou contra o assédio e revelou ter sido violada ali por Harvey Weinstein em 1997, quando tinha 21 anos.