Professor de dança há 11 anos, João Alves acedeu a um convite para aulas de dança na associação, reunindo as mais-valias associadas como a melhoria da condição física e psicológica à recuperação de doentes oncológicos, retirando-lhes "o foco da doença e transformando as sessões em momentos de relaxamento e de diversão", disse à Lusa.

"O que faço aqui é adaptado, dado haver pessoas com limitações físicas, resultantes das cirurgias, e os movimentos são mais lentos", explicou João Alves de sessões em que "tudo é doseado".

Desde junho que, na última quinta-feira do mês, os 20 utentes da associação dançam durante uma hora, variando os passos entre "as danças de salão e os ritmos latinos e africanos".

Na associação há quatro anos, depois de ter combatido um cancro, Luís Moreira aderiu desde a primeira hora à dança como forma de terapia, uma espécie de regresso ao passado.

"A dança para mim é o mais importante para esquecer o problema que tenho. Desde os 11 anos que sei dançar", disse à Lusa, falando de um processo em que a sua autoestima tem sido a "mais beneficiada" com as aulas.

Num grupo em que o feminino domina, Olga Monteiro, uma das participantes, também destacou a novidade que a dança é numa associação "onde se constroem amizades", confessando nunca ter pensado que iria ajudar tanto.

"Senti imediatamente a melhoria ao nível psicológico e físico", salientou antes de concordar com o professor quando disse "nunca ter visto ninguém cansado nas aulas".

E acrescentou: "É divertido e convive-se. É uma brincadeira para levar a sério e quem já sabe dançar, aperfeiçoa. Na verdade, depois de experimentar uma vez, sabe a pouco e se houvesse todas as semanas seria bom. Juntar o ioga, que temos todas as semanas, à dança seria perfeito".

Coordenadora da associação criada em 2005, Susana Pires Duarte destacou o apoio na alimentação dada mensalmente a cerca de 100 famílias e que é apenas uma parte do trabalho diário feito pelos voluntários na Senhora da Hora.

"Há também o apoio de cariz emocional, com uma equipa dedicada de voluntários a prestar serviços de psicologia oncológica, reiki, ioga, meditação, a hipnose clínica e agora a dança", elencou a responsável cujo sucesso da nova terapia não a surpreendeu.

E explicou: "trata-se de uma atividade que muitas vezes as pessoas não têm condições para adquirir e que aqui é grátis, sendo ao mesmo tempo uma forma de combater o isolamento social, como acontece também com a terapia do riso".

Perante o desafio das utentes de aumentar o número das aulas mensais de dança, Susana Pires Duarte admitiu ser uma possibilidade, mas quer primeiro avaliar a taxa de participação, só depois avançando para as duas aulas mensais que estão em equação.