Na madrugada de domingo, Omar Mateen, um americano de origem afegã, invadiu, armado com uma espingarda e uma pistola, o bar Pulse, que celebrava uma "noite latina" com espetáculos de "drag queens" numa cidade turística conhecida pelos seus parques de diversões.
Três horas depois, 49 pessoas, além do atirador, estavam mortas e outras 53 ficaram feridas. As autoridades de Orlando identificaram 48 vítimas mortais, que na sua grande maioria tinha sobrenomes latinos.
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O grupo extremista Estado Islâmico confirmou, na segunda-feira, a autoria do ataque e apresentou Omar Mateen como "um dos soldados do califado nos Estados Unidos". Mas o FBI continua a investigar se Mateen, nascido em Nova Iorque e com 29 anos, era um extremista numa missão ou um "lobo solitário" inspirado pela propaganda radical islâmica para realizar o que o presidente Barack Obama denunciou como um "ato de terror e um ato de ódio".
"Por agora, não vemos nenhuma indicação de que isto foi um ataque dirigido do exterior, e não temos nenhuma indicação de que ele fazia parte de alguma rede terrorista", disse o diretor do FBI, James Comey.
Mas Comey disse que o FBI estava "altamente seguro" que Mateen se "radicalizou", pelo menos em parte, através da internet e que manifestou que trabalhava para o líder do EI, Abou Bakr al- Baghdadi, numa série de chamadas durante o ataque. "E claro, estamos a tentar entender que papel pode ter desempenhado [a radicalização] na motivação destes ataques à intolerância anti-gay", assinalou, destacando que a investigação ainda está numa fase preliminar.
O ataque despertou a comoção mundial, mas também pôs em evidência a estratégia anti-terrorista americana e as leis sobre as armas. O suspeito pode comprar legalmente as armas apesar de ter levantado suspeitas perante as autoridades.
O FBI admitiu que tinha investigado previamente Mateen, que vivia em Port St Lucie, na Flórida, a duas horas de carro de Orlando, mas não encontrou evidências de laços extremistas.
Atirador frio e metódico
Familiares e conhecidos descreveram Omar Mateen comon um homem violento e instável que batia na sua ex-mulher e fazia comentários homofóbicos. Funcionário de uma companhia de segurança, entrou no Pulse pelas 02H00 (hora local) de domingo com uma espingarda e uma pistola. Depois de disparar contra várias pessoas, trancou-se com reféns nas casas de banho e ligou para o serviço de emergência para expressar a sua lealdade ao EI. Um dos feridos, Ángel Colón Jr., de 26 anos, relatou ao pai que o agressor era frio e agia de forma metódica. "Ele passava por cada pessoa caída no chão e atirava para ter certeza de que estava morta", explicou ao sair do hospital Orlando Regional Medical Center.
Outras testemunhas recordam cenas de caos, corpos a cair e sangue por toda parte à medida em que a festa se convertia numa tragédia num local fechado. "Era um caos completo", disse o jovem Janiel Gonzalez à AFP. "As pessoas gritavam 'ajudem-me, ajudem-me, estou preso'".
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O chefe da polícia de Orlando, John Mina, disse que tomou a "difícil" decisão de entrar no clube, depois de Mateen ter mencionado ao telefone estar na posse "coletes-bomba" e "explosivos". Um carro blindado da polícia destruiu uma parede e entrou no local, e uvários polícias estiveram envolvidos no tiroteio que culminou com a morte do atirador. "Sabíamos que era a decisão correta e acreditamos que prevenimos uma eventual perda de vidas e salvamos muitas, muitas vidas", disse Mina em conferência de imprensa na segunda-feira.
O presidente Barack Obama, líderes muçulmanos dos Estados Unidos, o papa Francisco e dirigentes do mundo inteiro condenaram o ataque, considerado como o pior ato terrorista em solo americano desde os de 11 de setembro de 2001.
Obama viajará na quinta-feira para Orlando para "apresentar as suas condolências às famílias das vítimas e manifestar a sua solidariedade a uma comunidade que tenta recuperar", disse o porta-voz presidencial Josh Earnest.
O Conselho de Segurança da ONU condenou com "a maior firmeza possível o atentado terrorista" em Orlando, e comunicou a sua "mais profunda" simpatia às famílias das vítimas e ao governo americano. O Conselho reafirmou que "o terrorismo, em todas as suas formas, constitui uma das mais graves ameaças para a paz e a segurança internacionais", e pediu aos países-membros que o "combatam por todos os meios", respeitando o direito internacional.
De forma simbólica, a Torre Eiffel, em Paris, e o Empire State, em Nova Iorque, iluminaram-se na noite de segunda com as cores da bandeira arco-íris, adotada pela comunidade LGBT. Vigílias de solidariedade foram realizadas nos Estados Unidos e por todo o mundo.Em Los Angeles, mais de 100.000 pessoas marcharam num desfile.
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Mas o luto nacional não irá sobreviver por muito tempo num momento em que a campanha para as eleições presidenciais de novembro se intensifica. O candidato republicano Donald Trump resgatou a sua proposta de proibir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos, como forma de "suspender a imigração" proveniente de países com "histórico de terrorismo".
"Se não nos mexermos duramente, se não formos inteligentes e rápidos, não teremos mais o nosso país", assinalou Trump num discurso em New Hampshire.
A democrata Hillary Clinton prometeu lutar contra o fenómeno da "auto-radicalização", nomeadamente com a regulamentação do acesso às armas. "É essencial impedir os terroristas de obter as ferramentas para realizar os seus ataques. Creio que as armas de guerra não têm espaço nas nossas ruas", afirmou. "Se o FBI vigia alguém por suspeitas de laços terroristas, essa pessoa não deveria poder comprar uma arma, sem nenhum tipo de perguntas", disse Clinton em Cleveland.
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