“Queremos convidar o ministro Costa Silva a vir à nossa ocupação no [Liceu] Camões [em Lisboa] amanhã [segunda-feira] e ouvir uma palestra sobre a crise climática dada por nós”, disse Clara Pestana, ativista do movimento “Fim ao fóssil: Ocupa!” e uma das porta-vozes do movimento no liceu, em declarações à Lusa.

O convite público surge depois de o ministro da Economia se ter afirmado hoje, em declarações à Lusa, solidário com os movimentos climáticos e ter dito que nos últimos 20 anos não foi apologista de maior uso do petróleo, considerando que as manifestações são legítimas e mostrando disponibilidade para reunir-se com os ativistas.

Por sua vez, em reação às declarações de António Costa Silva, Alice Gato, outra porta-voz do movimento “Fim ao Fóssil: Ocupa”, disse à Lusa ser necessária uma transição energética: “O que estamos a verificar é uma expansão energética, por responsabilidade também do ministro da Economia”.

“Nós não precisamos da solidariedade do ministro da Economia. Precisamos de um plano de investimento massivo por parte do Estado, de seis a nove mil milhões [de euros] de investimento público para empregos para o clima”, afirmou.

A ativista argumentou ser necessário que “não haja novo gasoduto, “declarações de que se pretende furar Portugal com mais gás fóssil” e “que não haja greenwashing”.

“Também não precisamos que haja um maior investimento de renováveis que não esteja diretamente associado ao corte de emissões de gás com efeito de estufa”, disse.

Em declarações à Lusa, o ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, disse estar solidário com movimentos climáticos, com os quais afirma partilhar as preocupações.

No entanto, em reação ao pedido da sua demissão pelos ativistas, o governante argumentou: “Em todo o meu percurso ao longo de 20 anos não só fui um defensor das energias renováveis, como agora no Governo estamos a potenciar a aplicação dessas energias e a desenvolver tudo para que a transição energética funcione”.

“É um facto que tive uma carreira nas indústrias do petróleo e particularmente na empresa Partex, mas nunca defendi nos últimos 20 anos o maior uso do petróleo. Pelo contrário, mesmo dentro da Partex, o que defendi foi a diversificação da companhia com a aposta crescente nas energias renováveis e a Partex, com a sua acionista na altura — a Fundação Calouste Gulbenkian –, foram um dos principais investidores no ‘cluster’ de energias renováveis que se desenvolveu em Portugal”, justificou.

António Costa Silva recordou que desde o início, quando o país desenvolveu esta aposta, tomou uma posição pública, “muitas vezes contracorrente contra a opinião dominante”, a defender as energias renováveis.

Quando questionado sobre o momento na marcha pelo clima, no sábado, em que dezenas de manifestantes invadiram um edifício em Lisboa, onde decorria um evento privado onde estava, António Costa Silva considerou a manifestação “absolutamente legítima”.

“Os jovens estavam a manifestar-se, não houve de facto possibilidade de encetar qualquer tipo de diálogo naquelas condições, mas estarei sempre pronto para dialogar com os jovens, explicar o que estamos a fazer, ouvir as suas opiniões e incorporá-las em tudo o que estamos a sistematizar em termos das políticas públicas. Sou um homem de diálogo”, afirmou.

Apesar de recordar que o Ministério da Economia não tem a gestão do ambiente e da energia e que, por isso, terá de ser feito em articulação, garantiu ter disponibilidade para o fazer.

“Não temos nenhuma reunião agendada a esse nível, mas penso que temos de ser construtivos e trabalhar em conjunto para ver o que é possível fazer e acelerar ainda mais esta transformação”, reafirmou.

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