Numa manifestação organizada numa rotunda em frente à entrada da Feira de Madrid, onde decorre a 25.ª Conferência das Partes (COP25) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, algumas centenas de ativistas pelo clima, na maioria jovens do movimento de greve climática estudantil Fridays for Future e do movimento de desobediência civil Extinction Rebellion declararam o seu desapontamento pela falta de resultados nas horas finais da COP25.
“Esta cimeira é uma farsa!” foi uma das palavras de ordem dos manifestantes, que reclamaram “justiça climática” e acusaram os decisores políticos de “partirem a Terra ao meio”, uma declaração tornada literal pelos organizadores do protesto quando quatro deles, vestidos com fatos, partiram globos terrestres recheados de fotocópias de notas como se fossem “piñatas”.
No centro da rotunda colocaram um barco em cima de um reboque com o mote “rebeldes sem fronteiras” e seguravam cartazes onde se liam palavras de ordem como “nunca se é demasiado pequeno para fazer a diferença” ou “Justiça climática já!”
O russo Konstantin Fokin disse à agência Lusa que “a decisão que pode salvar os humanos do desastre não existe, nem sequer no papel, o que é difícil de compreender”.
“Não temos o direito de desistir, como parece acontecer lá dentro [na cimeira], o tempo chegou ao fim para todos e podemos estar à beira de uma crise social desastrosa se nada for feito”, declarou.
Dos Estados Unidos, Quinlen Marshall, que participou como observador na conferência, afirmou-se frustrado com o resultado, mas destacou que “mais do que qualquer outra COP, a juventude esteve envolvida, participou como nunca”.
“Daqui para a frente, isso só vai aumentar e vamos ser cada vez mais ouvidos”, afirmou.
Outra americana, Bridget Scanlon, afirmou que as delegações internacionais que ainda vão discutir noite dentro os termos da resolução final da COP25 – nomeadamente, regulação de mercado de emissões, mecanismo de compensação por perdas e danos, os assuntos mais controversos – “tiveram o tempo deles”.
“Demos-lhes duas semanas e não nos deram o que queríamos, por isso vamos embora. Mas aprendemos muito e temos que continuar em frente”, afirmou.
Outro ativista, que não quis ser identificado, disse à Lusa que, seja qual for a declaração final que saia de Madrid, “os negócios vão continuar como antes, os povos indígenas e os países mais vulneráveis vão continuar a gritar sem que sejam ouvidos e as pessoas sem acordar”.
A agenda oficial da COP25 prevê o encerramento dos trabalhos hoje, mas a dificuldade em alcançar acordo sobre o texto final dos compromissos que os países se propõem assumir já torna quase certo o prolongamento dos trabalhos até sábado.
A COP25, que começou em 02 de dezembro, deveria ter-se realizado no Chile, mas devido à situação de agitação social no país acabou por ser transferida para Madrid.
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