O sumário do dia de hoje cabe numa das frases mais replicadas neste domingo: "Arigato e Sayonara, Japão. Bonjour, Paris2024". Que é como quem diz: Tóquio deu por encerrada a XXXII edição dos Jogos Olímpicos, passando a tocha à capital francesa, que volta a receber uma edição das olimpíadas modernas 100 anos depois de ter sido anfitriã em 1924.
Mas antes de dedilhar sobre estes últimos 17 dias de competição em que foram atribuídas 339 medalhas de ouro amigas do ambiente, convém dar crédito a quem de direito: até porque o "Arigato e Sayonara, Japão. Bonjour, Paris2024" não é da autoria deste que assina, mas sim de Rui Barbosa Batista, enviado da agência Lusa a Tóquio.
Atribuições feitas, nada como começar pelo fim e o óbvio: o resumo da prestação portuguesa. Segundo José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), a missão do nosso país foi um sucesso e os objetivos foram "plenamente atingidos". Porque uma boa prestação não equivale só a medalha, passa também pelo diploma que os oito melhores classificados recebem. E nesse departamento havia a meta de 12 diplomas e foram alcançados 15.
Por outras palavras, o líder do COP considerou ter sido a missão mais bem-sucedida de sempre, desejando que Portugal se torne "ainda mais forte e competitivo e não regresse à situação anterior". Ou seja, é tempo de aproveitar o sucesso de Tóquio para angariar fundos e apontar baterias a Paris. Com uma ajudinha do Éder, pode ser que se supere as quatro medalhas conquistadas nos últimos dias: o ouro de Pichardo, no triplo salto; a prata de Patrícia Mamona, na mesma especialidade; e o bronze do judoca Jorge Fonseca e do canoísta Fernando Pimenta.
Contudo, José Manuel Constantino não abordou só os feitos dos desportistas. Também quis comentar o burburinho que se tem feito em torno da medalha de Pichardo. E nesse sentido a sua opinião é peremptória: "Portugal só tem de estar grato" ao atleta. Porquê? Por "um atleta de tão elevado talento ter escolhido Portugal para viver".
"É uma situação que facilmente se supera, porque o que é importante é que é um cidadão que escolhe Portugal, traz a sua família, quer ser português, representar Portugal, e foi o talento, qualidade, esforço e entrega que fez com que todos, mesmo todos, nos emocionássemos quando a bandeira subiu e cantámos o hino nacional. Devemos-lhe esse momento. E ele também o sentiu", analisou, frisando igualmente que disse o mesmo relativamente à naturalização de Alfredo Quintana.
Quanto à cerimónia de encerramento de hoje, foi um pouco esquisita ao jeito da cerimónia de abertura. Embora tivesse havido uma banda de ska num palco em que coube malabarismo, danças tradicionais japonesas e muito vídeo — até um de Paris, em direto, que contou com um espetáculo de aviões e uma pequena exibição de break dance, que fará a estreia no programa olímpico.
Para trás fica uma edição marcada pela coragem de Simone Biles, em sentir necessidade de dizer que precisava de se focar na sua saúde mental em vez das medalhas, de Elaine Thompson-Herah ter feito uma dobradinha histórica, de Mutaz Barshim e Gianmarco Tamberi terem decidido partilhar o ouro, de Emma Mckeon ter entrado para a história como a primeira nadadora a conquistar sete medalhas numa edição dos Jogos, culminando com a fuga de Krystsina Tsimanouskaya, atleta bielorrusa que pediu ajuda por ter medo de regressar a casa.
Agora, já de olhos postos em França, é sim tempo de dizer "Au revoir, Tóquio. Bonjour, Paris2024", recordar a edição de 2020 através destas 50 fotografias (valem muito a pena) e de vasculhar o quadro do medalheiro final (spoiler, os Estados Unidos passam a China e rubricam o 'tri'). O que agora se espera é que quando a tocha olímpica chegar a Paris, daqui a três anos, a covid-19 seja algo que já não impeça as pessoas de revestirem bancadas e de fazer a festa habitual que caracteriza os Jogos. E, claro, a torcer para que os nossos atletas se voltem a superar.
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