Austrália: Ben & Jerry’s não vai servir gelados com bolas do mesmo sabor enquanto casamento gay não for legalizado

Num país em que a decisão sobre a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo parece não ter fim à vista, com a promessa de um referendo a ser arrastada desde a eleição do atual primeiro-ministro, no ano passado, a Ben & Jerry’s decidiu associar-se ao debate com uma campanha original e com uma ação comum às suas 26 lojas australianas: acabaram-se os gelados com bolas do mesmo sabor. Pelo menos por agora.

- Boa tarde. Queria um gelado, por favor.
- Cone ou copo?
- Copo.
- E que sabores quer?
- Duas bolas de chocolate.
- Lamento, mas não pode ser.
- Porquê?
- Porque aqui, na Ben & Jerry’s, não servimos gelados com bolas do mesmo sabor. Por enquanto.

Este diálogo hipotético, entre um cliente e um funcionário, poderia ocorrer em qualquer uma das 26 lojas da geladaria da cadeia norte-americana Ben & Jerry’s, na Austrália. O cenário base? O atual debate pela legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Confuso? Nós explicamos.

A conhecida marca de gelados lançou uma campanha na Austrália que impede que sejam servidos, nas suas lojas, gelados com bolas do mesmo sabor enquanto o casamento homossexual, naquele país, não for aprovado.

“Nós acreditamos que o amor chega em todos os sabores e que todos devem ter o direito à escolha”, pode ler-se no anúncio da Ben & Jerry’s.

O objetivo da marca é mostrar que se uma pessoa pode ficar furiosa com o facto de ser impedida de comer um gelado com duas bolas do mesmo sabor, então, imagine-se, o que sentirão duas pessoas que se amam e que não se podem casar.

A empresa, que procura sensibilizar os australianos para o direito à igualdade dos membros da comunidade LGBT, apela ainda a que os seus clientes enviem até ao dia 13 de junho, data que o tema poderá ser levado a discussão no Parlamento, uma mensagem aos deputados.

“Estamos orgulhosos por lutar lado a lado com a campanha pela igualdade no matrimónio na Austrália", disse Imogen Rugg, porta-voz da marca na Austrália, ao Huffington Post.

Rugg afirma ainda que esta é uma atitude que vai de encontro à história da marca de “compromisso social”.

Há cerca de um ano, o primeiro-ministro Malcolm Turnbull, deixou a garantia de que um referendo sobre o tema seria realizado ainda em 2016, algo que acabou por não acontecer, tendo-se, neste momento, tornado numa promessa arrastada no tempo num país em que, de acordo com uma sondagem de 2014, cerca de 72% é a favor do casamento homossexual.