Alexander Schallenberg falava em conferência de imprensa, após uma reunião de trabalho com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e que, de acordo com o ministro austríaco, “chegou atrasada” devido às implicações decorrentes da pandemia de covid-19, o que só mostra como “vivemos momentos extraordinários”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Áustria referiu que é comum dizer-se que as presidências surgem em alturas cruciais para a integração europeia, mas disse não ter dúvidas de que “desta vez é mesmo verdade” e, por isso, “há realmente grandes expectativas em torno da presidência portuguesa”.

“Todo o continente está a viver a segunda vaga da pandemia e ainda só vimos a ponta do iceberg do impacto económico e social desta pandemia na Europa e mais além”, considerou.

“Estes são tempos difíceis e acredito que 2021 será, em alguns aspetos, ainda mais desafiante do que 2020, pois será a altura da gestão pós-crise”, um momento que Alexander Schallenberg considera particularmente sensível dado o “trabalho de recuperação, o trabalho de voltar a ganhar confiança no sistema de saúde, na vida social diária, nos sistemas financeiros”.

“Este será um ano político muito exigente para todos nós, para todos os governos europeus e é claro que vamos apoiar Portugal nestes momentos tão difíceis”, assegurou.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Áustria disse ainda acreditar que a União Europeia trabalha melhor “sob pressão”, lembrando a questão em torno das negociações com o Reino Unido no âmbito do ‘Brexit’, admitindo ser “otimista” quanto a um possível acordo comercial com os britânicos até domingo, dia em que terminam as negociações para esse efeito.

Alexander Schallenberg mostrou-se ainda muito satisfeito pelo acordo conseguido esta quinta-feira em Bruxelas sobre o orçamento plurianual para 2021-2027 e sobre o Fundo de Recuperação pós-pandemia.

Este pacote constituído por um orçamento plurianual de 1,08 biliões de euros para os próximos sete anos e um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões havia sido já acordado pelo Conselho Europeu em julho, mas estava bloqueado por um veto de Hungria e Polónia, que discordavam do mecanismo sobre o Estado de direito que lhe estava associado, agora ultrapassado.

“Ontem [quinta-feira] foi um bom dia para a Europa, um bom dia para todos nós, pois chegámos a acordo sobre o pacote financeiro, o Fundo de Recuperação e também chegámos a acordo sobre novos objetivos ambiciosos sobre as políticas climáticas”, considerou, referindo-se à redução de 55% da emissão de gases com efeito de estufa até 2030.

Portugal deverá receber cerca de 30 mil milhões de euros do orçamento para os próximos sete anos, a que acrescem 15,3 mil milhões de euros em subvenções, tendo ainda a possibilidade de pedir empréstimos se o desejar.

Fechado enfim este pacote de recuperação, uma das principais responsabilidades da futura presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, no primeiro semestre de 2021, será a implementação do Fundo de Recuperação.

A presidência portuguesa terá, desde logo, a responsabilidade de alcançar a maioria qualificada dos 27 necessária para aprovar os planos nacionais dos Estados-membros para a libertação da primeira ‘tranche’ de empréstimos e subvenções do Mecanismo Europeu de Recuperação e Resiliência.