"A reunião decorreu num ambiente muito construtivo e ficou clara a ideia da senhora ministra de compatibilizar as duas funções, procurando-se, agora, com a EDP Renováveis, encontrar a melhor forma de se acertar todas as questões técnicas", afirmou José Maria Costa.

O autarca socialista falava à agência Lusa no final de uma reunião realizada hoje no Ministério do Mar, em Lisboa, para esclarecer o impacto de um projeto de aproveitamento da energia das ondas orçado em 125 milhões de euros, coordenado pela EDP Renováveis.

Segundo José Maria Costa, a ministra, Ana Paula Vitorino, vai promover uma nova reunião, na tarde de 06 de dezembro, na Câmara de Viana do Castelo.

"Saio muito satisfeito desta reunião e também pressenti, da parte dos pescadores, um ambiente muito favorável pela forma como a ministra se inteirou destes problemas e da necessidade de haver uma compatibilização. É esse exercício que se vai fazer, um exercício de compatibilização entre o projeto da EDP Renováreis e também as áreas afetas à pesca artesanal", explicou José Maria Costa.

O presidente da câmara especificou que a reunião foi "muito positiva", na qual "os pescadores tiveram a oportunidade de esclarecer a ministra do Mar das suas preocupações".

José Maria Costa acrescentou que até à realização do próximo encontro "vai ser feito um levantamento rigoroso, para permitir uma avaliação mais rigorosa de todas as implicações, na tentativa de minimizar os impactos e conciliar as duas funções".

Em causa está um projeto de aproveitamento da energia das ondas orçado em 125 milhões de euros, coordenado pela EDP, através da EDP Renováveis, e que integra o parceiro tecnológico Principle Power, a Repsol, a capital de risco Portugal Ventures e a metalúrgica A. Silva Matos.

A reunião de hoje foi convocada por Ana Paula Vitorino, na sequência de um pedido feito, na segunda-feira, pelo autarca da capital do Alto Minho, após ter sido confrontado com as "preocupações" de 15 armadores de Viana do Castelo, Caminha, Vila do Conde, Póvoa de Varzim e Esposende e das associações Vianapesca e Promar.

Na altura, José Maria Costa referiu que os pescadores contestam a localização das plataformas do parque eólico flutuante "por afetar o espaço de instalação das artes de pesca de 15 embarcações, das quais dependem mais de 140 famílias".

Na reação ao pedido de audiência "urgente" do autarca, uma nota do gabinete de Ana Paula Vitorino referia que a "preocupação pela atividade piscatória e pelos seus profissionais foi sempre tida como prioritária em todos os processos e, particularmente, no Windfloat Atlantic, razão pela qual foram inclusive feitas alterações no desenho inicial do projeto, de forma a impactar o menos possível nas atividades de pesca já instaladas na zona".

"Em todo este processo, o Ministério do Mar fez um esforço significativo de conciliação entre as atividades de pesca já existentes e o novo projeto Windfloat Atlantic, estando hoje seguro que o resultado final se traduz numa harmonização entre as atividades", adiantava a nota do Ministério do Mar.

O documento acrescenta que "o projeto Windfloat Atlantic foi alvo de várias iniciativas de esclarecimento em Viana do Castelo, quer junto da câmara municipal, quer junto da população local, em particular da comunidade piscatória de Viana do Castelo".

"O esforço de conciliação continua e continuará enquanto alguma das partes entender necessário, preservando a proximidade e a conciliação de interesses", salientou a tutela, realçando que "o projeto Windfloat Atlantic, pioneiro a nível mundial, visa a exploração do recurso eólico em águas profundas”.