“Apesar de todo o impacto que vai ter, acredito que o júri e que os arquitetos vão apresentar propostas que farão desta visão fantástica uma visão ainda mais bonita. Estou morto para ver isso, sinceramente”, afirmou o independente Rui Moreira.

O autarca, que falava na cerimónia de lançamento do concurso público internacional de conceção da nova ponte, exclusiva para o metro, que decorreu nos Jardins do Palácio de Cristal, disse não estar assustado com a nova ponte e que a mesma vai ter “um impacto extraordinário” ao nível da mobilidade metropolitana.

Rui Moreira salientou que o “tempo de grandes discórdias e confusões felizmente acabou” em sede da Área Metropolitana do Porto e que hoje “há um grande entendimento” nestas matérias.

“Estas obras vão ter um impacto extraordinário na AMP, não apenas nas nossas cidades”, disse, salientando que, apesar da pandemia, o combate às alterações climáticas não deve ser esquecido.

“Não é por estarmos na pandemia que devemos esquecer essa grande batalha que temos contra as alterações climáticas e também naquilo que tem a ver com a mobilidade e o impacto que a mobilidade tem na atividade económica”, afirmou.

Rui Moreira salientou ainda que a nova ponte não o assusta e que, apesar dos impactos decorrentes das futuras obras, “o impacto final é muito superior”.

“Durante as obras sofrem-se sacrifícios, tem de ser assim. Nós sabemos que as coisas não se fazem do dia para a noite, também compreendemos aqueles que se preocupam porque aqui ou ali vai desaparecer uma árvore ou uma parte de um jardim que conheciam. Não se esqueçam que em cada floresta, de vez em quando, tem de morrer uma árvore para que a floresta continue a viver”, salientou.

Futuro pós-pandemia preparado através de obras “úteis e marcantes”

O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, agradeceu hoje ao Governo por estar “a preparar o futuro” pós-pandemia da covid-19, lançando obras “úteis e marcantes” como a expansão das linhas de Metro do Porto.

“É um grande orgulho que, tal como aconteceu com os Descobrimentos, seja a partir daqui que se lança o redescobrimento económico do nosso país neste processo de preparação do período pós-pandemia. É a partir do Porto que se começa a preparar o nosso futuro com obras marcantes, úteis e determinantes para o nosso futuro coletivo. Obrigada pelo empenho”, disse o autarca.

O também presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP) foi outro dos participantes desta manhã na cerimónia de lançamento do concurso público.

“Esta expansão representa uma resposta para quase duas dezenas de milhares de pessoas e um serviço absolutamente central que é o nosso Hospital de Gaia. Esta expansão da Metro do Porto olha para a rede não numa lógica de antenas, mas olha para a rede numa lógica de rede”, referiu Eduardo Vítor Rodrigues.

Em causa está, no que se refere à Linha Amarela, o prolongamento de Santo Ovídeo a Vila D’Este, em Gaia, enquanto a Linha Rosa constitui um novo trajeto no Porto entre a zona de S. Bento/Praça da Liberdade e a Casa da Música.

Quanto à nova ponte, vai ligar o Porto e Gaia através de metro deve ficar entre as pontes da Arrábida e Luís I, servindo uma nova linha de Vila Nova de Gaia, entre a Casa da Música e Santo Ovídeo, passando pela estação das Devesas.

“Estamos a avançar com um concurso de ideias para mais uma obra de arte. Admito que lhe estejamos a chamar ponte, mas sobre o rio Douro todas as pontes são em primeiro lugar uma obra de arte. Esta é uma obra de arte que é uma cereja no topo do bolo da rede de transporte público”, disse o autarca de Gaia.

Eduardo Vítor Rodrigues destacou a importância destes projetos por se traduzirem em “transporte barato, acessível e ambientalmente sustentável” e frisou a ideia de que não são “projetos isolados”, uma vez que “só existem porque as linhas intersecionam numa lógica de rede com outros modos de transporte”.

“Estas duas linhas fazem sentido porque são ao mesmo tempo linhas de rebatimentos com transportes públicos rodoviários, com transportes públicos de base local, criando verdadeiros registos articulados de mobilidade metropolitana”, apontou.

Já sobre a ponte que permitirá a “segunda linha de Gaia”, considerou que em causa “não está apenas uma ponte ou de outra linha de metro”, mas sim “unir duas cidades que fazem parte do mesmo âmago desta região, duas cidades interdependentes” devido às pendularidades laborais, estudantis, universitárias, mas também culturais.

Com uma estimativa de custo de empreitada de 50 milhões de euros, a nova ponte vai ter vias para peões e bicicletas, ligando o Campo Alegre, no Porto, (entre a Faculdade de Letras e a Faculdade de Arquitetura) à VL8 (junto ao Arrábida Shopping), em Vila Nova de Gaia.

A cerimónia contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, do ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, do secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro e de vários autarcas da região.

Fonte oficial da Metro do Porto revelou à agência Lusa a 03 de março que o Tribunal de Contas (TdC) deu luz verde às empreitadas de construção da Linha Rosa e de prolongamento da Linha Amarela até Vila d’ Este.

O visto do TdC foi dado aos contratos assinados, em novembro, entre a Metro do Porto e o consórcio Ferrovial/ACA, por um valor global de 288 milhões de euros.

Deste valor, 189 milhões destinam-se à Linha Rosa, no Porto, e 98,9 milhões ao prolongamento da Amarela, entre Santo Ovídeo e Vila D’ Este.

“O investimento global nos dois projetos ronda os 407 milhões de euros – incluindo expropriações, projetos, fiscalização, equipamento e sistemas de apoio à exploração”, disse à Lusa a metro do Porto a 03 de março.

A nova Linha Rosa (Circular) integrará quatro estações e cerca de três quilómetros de via.

Esta ligação, entre a zona de S. Bento/Praça da Liberdade e a Casa da Música, passa pelo Hospital de Santo António, Pavilhão Rosa Mota, Centro Materno-Infantil, Praça de Galiza e polo universitário do Campo Alegre.

O prolongamento da Linha Amarela entre Santo Ovídeo e a zona residencial de Vila d’ Este vai permitir construir um troço com três estações e cerca de três quilómetros, passando pelo Centro de Produção da RTP e pelo Hospital Santos Silva.

Atualmente, a rede tem 67 quilómetros, com seis linhas que servem sete concelhos e 82 estações, movimentando anualmente mais de 71 milhões de clientes (valor reportado a 2019, o último exercício antes da pandemia).