Falando com os jornalistas à margem de uma ação de campanha em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, o secretário-geral do PS reagiu às críticas dos restantes partidos – que o acusaram de “cinismo” e de “carpir mágoas” – depois de, no domingo, ter prometido uma “lição exemplar” à Galp devido à forma como encerrou a refinaria de Matosinhos.

“Essas palavras só existem porque estamos a poucos dias das eleições, porque as pessoas sabem bem qual é o esforço e qual tem sido a definição do que temos feito”, salientou.

Referindo que Portugal é “felizmente dos países que tem feito um esforço maior para assegurar a sua neutralidade carbónica”, António Costa frisou que essa transição tem de ser feita “de forma a segurar as pessoas”.

“Isso significa que temos de investir na formação profissional, para as pessoas poderem ter outras oportunidades de trabalho, investir na criação de emprego e, sobretudo ter uma noção clara do que é que se vai fazer a seguir,” salientou.

Segundo o secretário-geral do PS, é “tudo isso que tem falhado” no caso da Galp.

“É público e notório: toda a gente sabe que a Galp não tem cumprido nem tem feito o esforço que devia fazer para acompanhar este processo de transição. Aí está a falha”, referiu.

Comparando o encerramento da refinaria em Matosinhos com o encerramento, pela EDP, da central a carvão de Sines, António Costa referiu que o Governo conseguiu antecipar esse encerramento em “dois anos”, num processo que tem vindo a ser “bem preparado para que a transição seja justa”.

“E aquilo que está em causa em Matosinhos é precisamente o facto de a transição ter sido feito com total desprezo por aquilo que é a proteção social e a necessidade que temos de criar condições”, apontou.

O secretário-geral do PS recordou também a Cimeira Social do Porto, que decorreu a 08 de maio durante a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), para referir que o “grande tema” dessa reunião foi o de “criar um pilar social forte”, que dê apoio “à dupla transição climática e digital, que inevitavelmente tem feridas e tem dor”.

“Agora, essa dor deve ser devidamente trabalhada, e o que não pode é ser deixada ao deus-dará, como foi neste caso. Essa é que foi a crítica”, indicou.

Abordando também as palavras que tinha proferido durante essa cimeira – na ocasião, tinha apontado que o fecho da refinaria de Matosinhos representava um “enorme ganho para a redução das emissões, mas também um enorme problema pela necessidade de garantir emprego” a todos os que lá trabalhavam –, António Costa afirmou que é “preciso ler tudo aquilo” que o próprio disse.

“Amanhã [quarta-feira], no [jornal] Público, trago não só um trecho do meu discurso na Cimeira, onde falei precisamente do caso da refinaria de Matosinhos, como também a transcrição integral daquilo que eu disse”, indicou.

No domingo, num comício em Matosinhos, Costa considerou que “era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade” como a Galp demonstrou no encerramento da refinaria de Matosinhos, prometendo uma “lição exemplar” à empresa.

Em resposta, recebeu críticas de vários partidos: o líder do PSD, Rui Rio, acusou-o de ter desmentido, enquanto secretário-geral, o que tinha dito enquanto primeiro-ministro sobre Matosinhos, porque “para ele vale tudo para ganhar eleições”.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, também criticou António Costa por um “exercício de cinismo”, enquanto o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, indicou que o secretário-geral do PS estava a “carpir mágoas sobre os trabalhadores” e afirmou que as suas declarações “não passam de lágrimas de crocodilo”.

A Galp desligou a última unidade de produção da refinaria de Matosinhos em 30 de abril, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines.

A petrolífera justificou a “decisão complexa” de encerramento da refinaria com base numa avaliação do contexto europeu e mundial da refinação, bem como nos desafios de sustentabilidade, a que se juntaram as características das instalações.

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