Com Francisco Louçã, antigo líder do BE, a assistir na plateia do Capitólio, em Lisboa, ao comício de reta final de campanha, Mariana Mortágua subiu ao palco com dois alvos bem identificados: o presidente recandidato da Câmara de Lisboa, o socialista Fernando Medina e tentar impedir a sua maioria absoluta.
“Eu deixo uma pergunta a todas as pessoas para quem a habitação, as alterações climáticas e a exclusão social são assuntos sérios, mas que ainda pensam em votar Fernando Medina. Porquê? Porquê entregar a maioria absoluta ao Partido Socialista? Porquê?”, questionou.
Para a dirigente do BE, a resposta “é bastante simples”: “quem fez igual não vai fazer diferente, a não ser que a isso seja obrigado”.
“As únicas medidas que a Câmara de Lisboa tomou nestes últimos anos para combater a especulação (...) foram impostas pelo Bloco de Esquerda ao PS em 2017”, referiu.
Puxando da ironia, Mariana Mortágua começou por pedir desculpa “por insistir no tema da habitação”.
“Eu poderia até ter resistido não fosse Fernando Medina ter declarado que pretendia suspender novos licenciamentos de alojamento porque percebeu que há um problema de casas em Lisboa. A clarividência do presidente está ao rubro. Há pouco tempo Fernando Medina também descobriu - vejam bem - que os bairros onde o turismo não é monocultura sobreviveram melhor à pandemia”, ironizou.
Considerando que estas foram “verdadeiras iluminações que o PS teve em Lisboa com a aproximação da campanha eleitoral”, a bloquista considerou estar a falar “por quase todos os lisboetas que não tiveram a sorte de viver tanto tempo na inocência abençoada de Fernando Medina” e recordou “muito brevemente alguns episódios da última década” na habitação.
“A especulação imobiliária na nossa cidade, como no resto do país, não foi uma fatalidade, foi um projeto político da direita que os executivos do PS aqui em Lisboa promoveram desde o primeiro momento, incluindo o executivo de António Costa”, sintetizou.
Segundo a deputada do BE, em 2015, apesar de ter sido possível “travar a austeridade e o empobrecimento” com o contributo do BE, “o PS recusou-se a tocar na especulação e, pelo contrário, insistiu no erro”.
“E, por favor, não nos atirem areia para os olhos: se entre 2014 e 2016 o número de alojamentos locais em Lisboa triplicou até absorver 33 mil casas, isso não se deve aos pequenos arrendatários que procuraram sobreviver à troika, foram os grandes fundos de investimento e empresas internacionais que lucraram milhões com a transformação massiva de habitações em negócio”, atirou.
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