A Petro e alguns dirigentes da sua equipa de campanha "é atribuída a suposta violação do limite de gastos" no equivalente a cerca de 925.000 dólares, disse em conferência de imprensa o presidente do CNE, César Lorduy.

O governante de esquerda pode ser multado, mas não está sujeito à perda do cargo. No entanto, especialistas indicam que o Conselho pode remeter uma cópia da investigação à Câmara de Representantes para que o presidente seja submetido a um julgamento político.

Entre os investigados está Ricardo Roa, gestor de campanha de Petro para as eleições de 2022 e atual diretor da petrolífera estatal Ecopetrol, e a sua tesoureira, além de dirigentes da Colômbia Humana e União Patriótica, principais movimentos políticos de esquerda do país.

Desde que começaram as averiguações sobre estas supostas irregularidades, o presidente insiste em que a autoridade eleitoral está a ser usada para derrubá-lo. "Começou o golpe de Estado", escreveu imediatamente na rede social X. Em seguida, durante um evento público, convocou protestos.

"O presidente chegará até onde o povo disser (...) Chegou o momento de se mexer (...) Acham que têm o direito de desrespeitar o voto popular e aqui não há um povo ajoelhado", disse.

O magistrado Lorduy acrescentou que, de agora em diante, os investigados poderão "exercer o direito de defesa e contradição" perante o organismo.

Segundo o CNE, a campanha teria decidido omitir a comunicação de alguns gastos com propaganda eleitoral. Além disso, não registou contributos do principal sindicato de professores do país (Fecode) e de um sindicato da Ecopetrol. Também não há registos de supostos pagamentos a observadores durante as eleições.

O advogado do presidente, Héctor Carvajal, tinha antecipado numa entrevista recente a uma emissora de rádio que não reconheceria nenhuma decisão do CNE e que tomaria as devidas medidas legais. Petro garante que o CNE é enviesado, pois alguns dos seus magistrados são próximos a partidos de direita.

As suspeitas de violações dos tetos estabelecidos por lei aumentaram em julho do ano passado, quando o filho mais velho do presidente, Nicolás Petro, admitiu perante a Justiça ter recebido dinheiro de um chefe do narcotráfico e tê-lo usado em alguns eventos de campanha na costa caribenha.

Segundo as investigações feitas até o momento pelo CNE, a equipa de Petro não reportou despesas feitas para organizar encontros multitudinários com apoiantes na costa das Caraíbas — região tradicionalmente de direita, mas que nas últimas eleições catapultou o esquerdista para a Presidência.

Essa hipótese ganhou força depois de Nicolás Petro afirmar, perante a Procuradoria, que o dinheiro de um chefe do narcotráfico conhecido como "o homem Marlboro" entrou na campanha.

A confissão ocorreu no âmbito de uma investigação por suposta lavagem de dinheiro, pela qual o filho do presidente foi detido em julho de 2023. Nicolás Petro assegura que o seu pai não sabia dessas movimentações financeiras.

Outro escândalo atingiu o presidente depois de, em junho de 2023, ser revelada uma série de áudios com conversas por telefone entre o seu embaixador na FAO e ex-embaixador da Venezuela, Armando Benedetti, com a sua aliada, Laura Sarabia, nos quais ele ameaçava "contar a verdade" sobre supostas manobras feitas para obter votos na região das Caraíbas.