“As previsões agrícolas, em 31 de maio, apontam para uma má campanha das prunóideas, em particular na cereja, onde se prevê uma diminuição no rendimento unitário de 60% face a 2019, mas também no pêssego, cuja produtividade deverá rondar as 9,1 toneladas por hectare (-20%, face à campanha anterior)”, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo explica, “estes decréscimos são consequência das condições meteorológicas muito adversas da primavera, nomeadamente das chuvas intensas que ocorreram em períodos sensíveis do ciclo destas culturas”, e que provocaram ainda “estragos consideráveis” em pomares de maçã, no mirtilo e em muitas culturas hortícolas e batata.
Em contrapartida, nos cereais de inverno estima-se um aumento generalizado nas produtividades (+10% no trigo mole e triticale e +15% no trigo duro, cevada e aveia), mantendo o centeio os níveis de 2019.
No caso específico da cereja, cuja cultura “é bastante sensível às condições meteorológicas”, o INE refere que a produtividade foi “particularmente afetada” pela queda de neve, a 31 de março, numa das principais zonas de produção (Cova da Beira), quando se estava “em plena fase de floração/polinização das variedades intermédias/de estação/tardias”.
E se esta ocorrência “não afetou significativamente” as variedades precoces, que já estavam em fases mais adiantadas, “os dias de temperaturas anormalmente baixas, a formação de geada e a intensa precipitação da primeira quinzena de abril” acabaram por provocar também “elevados estragos nestas variedades, com grande parte da produção a ficar fendilhada ou sem poder de conservação (e, consequentemente, sem interesse comercial)”.
“A agravar toda esta situação, a intempérie de 31 de maio, com chuvas, granizos e ventos fortes, provocou estragos em muitos dos frutos que tinham conseguido vingar e amadurecer”, acrescenta.
Com resultado, aponta o INE, alguns dos “agentes do setor que nesta época estariam a empregar dezenas de trabalhadores na apanha da cereja não estão a recrutar (por não ser economicamente rentável) ou têm as equipas reduzidas à mão-de-obra que habitualmente presta outros tipos de serviços agrícolas nas explorações”.
No que se refere às culturas de primavera/verão, é salientada a redução de 10% prevista para a área de arroz, devido à interrupção do fornecimento de água a cerca de três mil hectares de canteiros desta cultura enquanto decorrerem as obras de reabilitação do aproveitamento hidroagrícola do Vale do Sado.
Já no milho, batata e tomate para a indústria, as áreas instaladas deverão ser semelhantes às da campanha anterior, enquanto no girassol deverá haver uma redução (-15%, para os sete mil hectares), “acompanhando a tendência observada nos últimos cinco anos”.
No caso do milho de regadio e de sequeiro, o INE aponta para a manutenção da área instalada em torno dos 76 mil e dos sete mil hectares, respetivamente, enquanto na batata a superfície total (sequeiro e regadio) deverá recuar 1% e no tomate a área instalada deverá rondar os 14,9 mil hectares.
De acordo com o instituto, “a pressão das doenças criptogâmicas tem sido intensa, obrigando à intensificação dos tratamentos fitossanitários na generalidade das culturas”.
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