O Conselho de Ministros da passada terça-feira determinou que "as atividades e espaços que permanecem encerrados", como é o caso de bares ou discotecas, podem "abrir quando disponham de orientação específica da Direção-Geral da Saúde (DGS)". A ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, veio ainda dizer este tipo de estabelecimentos vão continuar fechados por tempo indeterminado. Mas, até lá, é necessário fazer face às despesas e dificuldades.

Bares e estabelecimentos de diversão noturna ainda não têm data para voltarem a abrir portas e, para contornar a situação, alguns recorrem a outras classificações das atividades económicas (CAE) para reabrirem como cafés ou restaurantes, que têm autorização para funcionar desde 18 de maio, conta o Jornal de Notícias esta segunda-feira.

Um dos exemplos é a casa de referência na noite portuense "Maus Hábitos". Com diferentes CAE, reabriu portas a 1 de junho, tendo expandido o restaurante à sala club, onde agora há jantares com animação cultural três vezes por semana. Além disso, ainda funciona como café — e às 23h fecha portas.

"Temos 28 funcionários. Tínhamos que ativar rapidamente os da cozinha e sala", referiu ao JN o gerente Daniel Pires, dizendo que esta é uma boa aposta para lidar com as restrições. Contudo, a lotação do restaurante caiu "de 250 lugares para 42", para se conseguir respeitar o distanciamento.

Em Lisboa, no Cais do Sodré, já se pensa no mesmo. Ana Paula Afonso, gerente do "Roterdão Club", está também a tratar do pedido de CAE de restauração. O objetivo é poder abrir com mesas e servir snacks. E deixa um desabafo, em plenas Festas de Lisboa. "Esta situação é muito injusta. As festas estão a acontecer - há restaurantes a anunciar bailes", aponta, dizendo ainda que gostava de abrir já a esplanada para ajudar na renda — mas só tem resposta da conservatória no final do mês.

Contudo, nem todos veem a alternativa como uma boa solução. Mário Carvalho, do "Café Lusitano", no Porto, refere que "não é exequível" que um bar com área de dança abra como café, "dadas as elevadas despesas".

"As rendas são altíssimas. Com uma limitação de horário até às 23 horas é impossível faturar", diz, lembrando que são necessários "apoios efetivos" para as atividades ainda sem data de retoma. Pedro Vieira, presidente da Associação Cais do Sodré, citado também pelo JN, considera este cenário "inviável" para os empresários da noite, mas reconhece que existem "situações de desespero", pelo que estas soluções são "ferramentas" que podem ser aproveitadas em alguns casos.

No fundo, os bares e discotecas querem "ser tratados como os restaurantes", diz Pedro Vieira, que pede medidas por parte da DGS. Todavia, recorda que estas devem ser apresentadas dentro de "um consenso que não inviabilize o negócio".