O Ministério do Interior ucraniano garantiu que forças fronteiriças ucranianas conseguiram neutralizar uma ofensiva dos atacantes que pretendiam cercar e conquistar a sua posição, segundo um comunicado divulgado na plataforma Telegram.

As autoridades ucranianas também reivindicaram a morte de oito soldados e a destruição de ‘drones’ (aeronaves não tripuladas) utilizados na operação.

Por sua vez, um assessor de Denis Pushilin, o líder dos separatistas russos da autoproclamada República Popular de Donetsk, no leste da Ucrânia, assegurou que as tropas russas estão a completar o cerco em torno da cidade de Bakhmut, após a intensificação da pressão nas últimas semanas sobre as forças ucranianas.

Yan Gagin, assessor e especialista “político-militar” de Pushilin, assinalou na televisão pública Rossiya-24 que “Artemovsk [Bakhmut en ucraniano] se encontra num cerco operativo”.

“As nossas tropas estão a fechar o cerco”, afirmou.

Indicou ainda que “agora prosseguem combates pelo controlo da estrada entre Chasiv Yar e Artemovsk porque é a única artéria pela qual as tropas ucranianas podem abastecer as suas unidades”.

Chasiv Yar situa-se a oeste de Bakhmut.

O assessor relatou que a estrada está sob controlo de fogo das forças separatistas e do exército russo, e que as colunas de abastecimento ucranianas que a percorrem têm sido atacadas.

O coronel Vitaly Kiselyov, outro responsável militar da vizinha região de Lugansk, também na província de Donetsk formalmente anexada pela Rússia, afirmou, em declarações num programa da televisão russa, que as tropas russas “quase” cercam Bakhmut em três posições.

A batalha por Bakhmut, uma cidade com 70.000 habitantes antes da guerra, tem sido das mais sangrentas nos 11 meses de campanha russa na Ucrânia.

Segundo Pushilin, o controlo desta cidade abrirá o caminho do exército russo em direção a Kramatorsk e Sloviansk, os principais bastiões ucranianos no leste do país.

Em paralelo, o chefe do grupo de mercenários russo Wagner, Yevgueni Prigozhin, negou que as forças russas tenham estabelecido um cerco operativo em torno de Bakhmut, contrariando as reivindicações das forças separatistas russófonas.

“O cerco operativo é quando todas as estradas e vias de abastecimento, evacuação e qualquer trânsito estão controladas pelo fogo inimigo. Hoje não temos um cerco operativo de Bakhmut”, disse.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.110 civis mortos e 11.547 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.