“A candidatura do Bloco de Esquerda hoje quer voltar a chamar a atenção para os preços incomportáveis da habitação na Madeira”, declarou o cabeça de lista bloquista madeirense, Roberto Almada, na rua Dr. Fernão de Ornelas, uma das artérias mais movimentadas da baixa do Funchal.

Neste local, à semelhança de outros pontos do Funchal, foi afixada no chão, com fita adesiva, uma das lonas. Cada uma delas mede precisamente um metro quadrado para representar os 2.979 euros que custam no mercado imobiliário.

Nas lonas predominam as cores amarela e preto e lê-se “comprar casa no Funchal custa 2.979 euros ao metro quadrado” e, a vermelho, “casas para morar e não para especular”.

Este material de campanha, segundo o candidato, tem por objetivo “chamar a atenção das pessoas” para este valor que tem por base dados do Instituto Nacional de Estatística.

“Isto é um abuso, para não dizer que é uma coisa incomportável para a esmagadora maioria das famílias da Região Autónoma da Madeira”, enfatizou.

Roberto Almada considerou que este preço “só pode ser suportado por quem, vindo de fora, tendo muito dinheiro, sendo milionário, pode comprar casa a este preço na Madeira”.

O candidato salientou que a Madeira tem “o costume de receber muito bem as pessoas”, mas, defendeu, “as habitações na Madeira devem estar à disposição e ao alcance de qualquer madeirense e porto-santense”.

“Desse ponto de vista, entendemos que o que é preciso é ter propostas concretas para baixar o preço da habitação”, reforçou, propondo “acabar com os vistos ‘gold’, limitar o alojamento local e ter uma política de tetos nos preços da habitação na Madeira”.

Segundo Roberto Almada, “esta questão da habitação está a colocar muitas famílias na região à beira de um ataque de nervos”.

A campanha eleitoral do BE voltou a contar hoje com a presença da ex-coordenadora nacional, Catarina Martins, que salientou a “absoluta necessidade de o Bloco de Esquerda estar no parlamento regional”.

“É preciso quem tenha propostas com a coragem de mudar o estado de coisas na Madeira, que respeitem quem aqui trabalha, que acabem com este abuso de um metro quadrado custar quase 3.000 euros”, um valor que indicou ser “alto em qualquer sítio do mundo”.

Esta situação, na sua opinião, “faz com que os jovens tenham de emigrar” e que “as pessoas mais velhas se sintam expulsas, sintam que foram desprezadas e abandonadas”.

Para Catarina Martins, “esta arrogância de Miguel Albuquerque, que fala sempre com tanto desprezo do povo que trabalha, isso tem de acabar”.

A bloquista defendeu ainda que “é preciso uma oposição como deve ser” no parlamento da Madeira, que seja “corajosa, com força para defender quem vive e trabalha”.

“O PS teve uma oposição com tantos deputados e não fez nada”, enquanto a direita “tudo o que quer é um lugarzinho à mesa de Miguel Albuquerque”, argumentou.

O Bloco de Esquerda, que entre 2015 e 2019, teve dois deputados na Assembleia Legislativa da Madeira, perdeu a representação nas mais recentes eleições, em 2019.

Às legislativas da Madeira concorrem 13 candidaturas, que vão disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único.

PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL são as forças políticas que se apresentam a votos.

Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.