No Porto, onde reuniu esta manhã com o especialista em saúde pública Henrique Barros, Catarina Martins começou por referir que “não há receitas simples e miraculosas, mas seguramente é possível fazer melhor”.

“A vacina está a andar a um ritmo mais lento do que inicialmente foi anunciado. Este é um processo muito muitas dificuldades também a nível europeu, com as farmacêuticas a fazerem muita chantagem contra os Estados. Achamos que a esse nível, Portugal tem de ter outra posição, porque tem a Presidência da União Europeia”, referiu Catarina Martins.

A líder do Bloco de Esquerda considerou que “este era o momento da UE utilizar os mecanismos que tem, legislativos, nomeadamente, a licenças compulsória, para ultrapassar as patentes e generalizar a produção da vacina”.

“Se não universalizamos a vacina, estaremos nesta situação tão complicada com toda a crise social e económica a ela associada durante muito mais tempo”, referiu aos jornalistas depois de ter ouvido Henrique Barros, epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, lembrar que neste momento, com a vacinação contra a covid-19 que está em curso “se está a tratar um problema de curto prazo”, mas que no futuro, e quando esta assina se tornar sazonal, “os países devem pensar em como ser autossuficientes”.

Também questionada sobre o alargamento da testagem ao novo coronavírus já anunciada pela tutela e muito defendida por vários especialistas, Catarina Martins considerou a medida “importante”, mas alertou: “Neste momento a Autoridades de Saúde Pública não está a ser capaz de fazer inquéritos epidemiológicos, não consegue perguntar a cada pessoa infetada com quem esteve para seguir e contactar todos os contactos”.

“Se é importante mais testes, é essencial que haja mais gente na saúde pública para fazer estes inquéritos. É preciso um investimento muito forte na Saúde Pública. É preciso mais testagem”, frisou.

A este propósito, Catarina Martins disse sentir “algum desalento” quando olha para a situação atual porque “há cerca de sete meses” quando reuniu no meso espaço “a reivindicação clara era que se pudessem generalizar os testes”.

“Na altura dissemos, é preciso generalizar os rastreios. No início de setembro quando iam reabrir os centros de dia voltamos a dizer que é preciso generalizar os testes. Apresentamos proposta para generalizar nas escolas. Nunca foi feito”, lamentou.

Considerando que “se perdeu o controlo à infeção e à pandemia”, a coordenadora do BE criticou o Governo socialista de António Costa por “no ano passado nunca ter executado o orçamento que tinha para despesas correntes”, o qual podia ter usado para “fazer testes”.

Após uma reunião que demorou cerca de hora e meia e na qual também ouviu Henrique Barros analisar a situação atual do país ao nível epidemiológico, lembrando o que ocorreu no período de Natal e a influência do frio na saúde das pessoas, Catarina Martins lembrou as suas palavras de dezembro, quando referiu que “não poderíamos ter um polícia em cada consoada”, mas que seria importante “prevenir as pessoas e comunicar-lhes o risco que correm”.

“A população eventualmente não percebeu o risco. As medidas de confinamento são necessárias, mas medidas do que é proibido ou excecional, não resolvem as coisas”, disse, defendendo “a criação de uma entidade independente técnica que possa juntar todos os dados e ajudar numa comunicação de risco à população”.

Outro dos temas debatidos na reunião prendeu-se com os cuidados de saúde primários, tendo a líder dos bloquistas defendido o reforço e o investimento neste setor.

“Não se combate uma pandemia, nem se trata de nenhuma situação de saúde só com hospitais. É facto que a falta dos cuidados de saúde primários é um dos problemas na resposta que o SNS pode ter mais rápida ou não a estes casos”, concluiu.

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