“Só palavras não chegam. As palavras têm de ter uma tradução em atos que têm de ser consequentes. Reconhecer a importância dos profissionais da saúde, em particular do SNS, e depois não traduzir em atos é manifestamente insuficiente”, disse Moisés Ferreira.
Num ano marcado pela pandemia de covid-19, e quando fazia uma reação à mensagem de Natal de António Costa, também centrada na crise pandémica, o deputado bloquista referiu que Portugal “não pode ter um SNS com milhares de trabalhadores com contratos de quatro meses precários” e, ao mesmo tempo, um “Governo que se recusa a mexer no que quer que seja das carreiras dos profissionais da saúde, mas lhes agradece”.
“Nesta noite de Natal, estão a trabalhar nos hospitais do SNS muitos precários”, disse Moisés Ferreira.
Em declarações aos jornalistas, na sede do BE, no Porto, o deputado defendeu a necessidade de que seja levada a cabo a “contratação permanente e imediata” de quem está com vínculo vulnerável no SNS, tendo também abordado o tema da vacinação e feito uma análise aos “erros” do executivo socialista de António Costa na gestão do combate à pandemia.
Hoje à noite, na tradicional mensagem de Natal do primeiro-ministro, António Costa manifestou gratidão aos portugueses pela forma como enfrentaram a pandemia e a profissionais de várias áreas, mas destacou "de modo muito especial" os profissionais de saúde, "que dia e noite dão o seu melhor para tratar quem está doente, tantas vezes com sacrifício de folgas, tempo de descanso e contacto com a sua própria família".
Moisés Ferreira também falou do plano nacional de vacinação contra a covid-19, que arranca no domingo, apontando que “é bom” que comece este ano, mas tratando-se de um “processo que vai demorar muitos meses”, período durante o qual ter-se-á de conciliar “a vacinação com a resposta à covid-19, bem como a atividade programada e todas as outras doenças”, faltou a António Costa anunciar um reforço do SNS.
“Se queremos que a vacinação corra bem – e toda a gente o quer – então temos de garantir que o SNS vai ter os meios e profissionais para conseguir uma vacinação massiva de milhões de pessoas ao mesmo tempo que responde a tudo o resto. E isso faltou na mensagem do senhor primeiro-ministro, que não disse nada sobre o reforço do SNS”, referiu.
O deputado do BE deixou, ainda, notas sobre as medidas do Governo para fazer face à crise sanitária, económica e social do país, considerando que Costa promete “não regatear esforços” para ultrapassar a crise, mas “já tem regateado esses esforços”.
“Há apoios que continuam a não chegar a quem precisa desses apoios. Por exemplo, profissionais a recibos verdes que estão há meses sem rendimento ou à espera de uma resposta da Segurança Social. O que se espera também é que depois de anunciar que não regateará esses esforços, então que não continue a insistir nos mesmos erros que é de não ter apoios que chegam às empresas, pessoas e trabalhadores”, disse Moisés Ferreira.
Para o BE, a mensagem de Natal de António Costa devia estar acompanhada de “medidas concretas” para as pessoas que “perderam rendimento, emprego e para os setores de atividade que não tiveram qualquer tipo de apoio durante toda a crise”, enumerou o deputado.
Já quando respondia a perguntas dos jornalistas, e referindo-se a “erros” do executivo socialista, Moisés Ferreira disse que “o BE tem alertado ao longo dos últimos meses para a necessidade de se fazer mais”, mas “o Governo tem insistido em não fazer esse mais”, dando como exemplo temas como a requisição do setor privado e social e a pobreza.
“O Governo tem insistido em não fazer essa requisição. Sabemos que durante muito tempo houve até hospitais privados que fecharam portas, entraram em ‘lay-off’ e despediram trabalhadores que eram essenciais para o combate à pandemia. O BE tem alertado para o facto de a pandemia ter determinantes sociais. A pobreza é um deles e era preciso responder a questões de habitação, transportes, etc (…). São erros, mas são erros maiores insistir nos erros”, concluiu.
A intervenção do deputado do BE ficou ainda marcada por uma mensagem de “solidariedade” com a população da Madeira que está a ver-se a braços com as consequências do mau tempo e por um “agradecimento a todos os profissionais de serviços essenciais que estão hoje [dia de Natal] a trabalhar longe das suas famílias”.
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