A recomendação do BE ao Governo destaca que, caso Israel não recue na decisão de declarar o secretário-geral da ONU ‘persona non grata’, banindo a entrada de António Guterres no país, Portugal deve aplicar a mesma decisão ao chefe da diplomacia israelita.
Em 02 de outubro, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, anunciou ter declarado António Guterres persona non grata no país, criticando-o por não ter condenado o ataque massivo do Irão a Israel na noite anterior.
“Qualquer pessoa que não possa condenar inequivocamente o ataque hediondo do Irão a Israel não merece pôr os pés em solo israelita. Estamos a lidar com um secretário-geral anti-Israel, que apoia terroristas, violadores e assassinos”, disse Katz num comunicado.
O BE sublinha, no projeto de resolução, que as afirmações do ministro israelita são “obviamente falsas” e a condenação de Guterres ao ataque com mísseis do Irão contra Israel “facilmente verificável”.
“De facto, desde o primeiro momento que António Guterres tem sido uma voz corajosa na defesa da paz e na denúncia de crimes contra a humanidade que todos os dias acontecem por ações de Israel no território palestiniano e em todo o Médio Oriente”, pode ler-se.
O partido aponta também que a decisão do chefe da diplomacia israelita foi condenada “um pouco por todo o mundo”, como pelo Conselho de Segurança da ONU, pelo alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, e países como o Brasil.
“Posto tudo isto e tendo em conta a tentativa de Israel de intimidar e condicionar as ações da ONU e do seu secretário-geral; tendo em conta que essa tentativa é totalmente baseada em mentiras; tendo em conta a reiterada agressão de Israel contra populações civis e contra o direito internacional e tendo ainda em conta que António Guterres é cidadão português e ex-primeiro ministro do nosso país, Portugal deve comunicar a Israel que não aceita este tipo de manobras de quem quer agir em total impunidade para os seus crimes”, sublinha ainda o BE no projeto de resolução.
PS, PSD e BE aprovaram hoje no Parlamento um voto de condenação da declaração do secretário-geral das Nações Unidas 'persona non grata' pelo Governo israelita, que foi rejeitado pelo Chega e Iniciativa Liberal.
Na sequência da decisão de Israel Katz, no início de outubro, Guterres reagiu dizendo ter condenado implicitamente o regime iraniano numa declaração divulgada na noite anterior, na qual referiu, na rede social X, condenar “a expansão do conflito no Médio Oriente” e apelou à calma, mas sem qualquer referência específica a Teerão ou ao ataque.
Pelo Estado português, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, já tinha instado Israel a “reconsiderar a decisão” de declarar o secretário-geral das Nações Unidas ‘persona non grata’, que lamentou “profundamente”, e defendeu a “missão indispensável” de António Guterres para garantir o diálogo e a paz.
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