“Nunca seremos capazes de igualar o sacrifício que a Ucrânia faz todos os dias, mas podemos dar ao Presidente [ucraniano] Volodymyr Zelensky o que ele pediu: mais munições para se defender do agressor russo”, disse o líder belga numa mensagem na qual confirmou 200 milhões de euros para a iniciativa checa, indicando que as munições chegarão “dentro de semanas”.

Desta forma, a Bélgica torna-se, depois dos Países Baixos, o segundo país a contribuir para o plano do primeiro-ministro checo, Petr Fiala, de obter rapidamente munições e mísseis para reforçar o abastecimento à Ucrânia, que atravessa um momento crítico na guerra contra a Rússia.

A iniciativa foi acordada na Conferência de Apoio à Ucrânia, realizada na segunda-feira em Paris e que reuniu cerca de vinte líderes europeus (incluindo o primeiro-ministro português António Costa), numa ocasião em que o primeiro-ministro neerlandês, Mark Rutte, confirmou cem milhões de euros para o plano que quer mobilizar os parceiros europeus para um fundo comum de aquisição de projéteis de artilharia.

Embora os detalhes do plano não sejam conhecidos, Fiala estima que até 15 países poderão aderir à iniciativa de compra e envio de munições no curto prazo devido à falta de abastecimento da Ucrânia, que tem também pendente um pacote de ajuda de 60 mil milhões de dólares (55,3 mil milhões e euros) dos Estados Unidos da América.

O pacote norte-americano enfrenta há meses a oposição da ala radical do Partido Republicano na Câmara dos Representantes, câmara baixa do Congresso norte-americano.

Durante a recente Conferência de Segurança de Munique, o Presidente checo, Petr Pavel, um prestigiado militar e antigo general da NATO, avançou que Praga tinha identificado até 800 mil munições de artilharia de calibre 155 mm e 122 mm no mercado internacional que poderiam facilitar os esforços da Ucrânia numa questão de semanas se houvesse fundos suficientes.

O atraso na ajuda norte-americana e o bloqueio do instrumento europeu de financiamento da entrega de armas à Ucrânia, devido ao obstáculo que a Hungria representa, juntamente com os reveses de Kiev no campo de batalha, fizeram soar o alarme na Europa sobre a necessidade de acelerar a entrega de munições a Kiev.

Um dos instrumentos em análise é a flexibilização do quadro de compras conjuntas de munições e mísseis da União Europeia, para que a aquisição de material fabricado em países aliados, como os Estados Unidos ou o Reino Unido, possa ser subsidiada com fundos europeus, explicaram na terça-feira fontes diplomáticas à agência espanhola Europa Press.

Num momento de necessidade premente de munições na Ucrânia, já existe uma maioria de Estados-membros do bloco europeu que está empenhada em incentivar a compra de material militar, mesmo que não seja de produção europeia, para atender às necessidades de Kiev, entendendo que a situação é urgente.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

O conflito — que entrou no terceiro ano – provocou a destruição de importantes infraestruturas em várias áreas na Ucrânia, bem como um número por determinar de vítimas civis e militares.