Em Vila Nova de Famalicão, para um simpósio dedicado à Industria Têxtil, o ex-governante lembrou o papel de Belmiro de Azevedo na criação da Porto Bisness School e de como o empresário natural do Marco de Canavezes transformou a Sonae numa "escola de gestores".

O empresário Belmiro de Azevedo morreu hoje, aos 79 anos, depois de décadas ligado à Sonae, onde fundou há mais de 50 anos e que transformou num império com negócios em várias áreas e extensa atividade internacional.

"Estamos a falar do que é seguramente o maior empresário português do pós- 25 de Abril. Os empresários têm autoestima e respeito por si próprios, mas são justos e sabem reconhecer o mérito e os resultados e dificilmente algum empresário português discordará que perdemos o que foi o maior empresário português no pos-25 de Abril", afirmou Daniel Bessa.

Para o ex-ministro da Economia, a importância de Belmiro de Azevedo "é patente em muitos aspetos, mais obvio no universo empresarial", onde, segundo considerou, o empresário deixou um "legado único".

"A Sonae foi sobretudo uma escola de gestores, um número imenso de gente que começou por exercer funções profissionais, de gestor profissional na Sonae. Alguns deles, a seu tempo, diziam que eram "empresários por contra" de outrem, eram trabalhadores assalariados, mas o empresário por conta de outrem diz muito do grau de autonomia que o engenheiro Belmiro de Azevedo lhes concedia, da responsabilização a que estavam submetidos, do sistema de remuneração associado ao mérito", apontou.

"Muitas dessas pessoas que começaram por ser "empresários por conta de outrem", um dia tornaram-se empresários por conta própria e há uma série de empresas portuguesas que foram criadas e geridas por pessoas que passaram pela Sonae", explanou.

Daniel Bessa lembrou ainda o papel de Belmiro de Azevedo na criação da Porto Business School escola que, lembrou o economista, o filho do empresário, Paulo de Azevedo, acabou por frequentar.

"O engenheiro Belmiro Azevedo é o mentor do que é hoje a escola de gestão do Porto, a Porto Business School, é uma iniciativa dele, é o engenheiro Belmiro de Azevedo que um dia convence a reitoria da Universidade do Porto que a faculdade de Economia havia ali aspetos que não conseguia corresponder às exigências de um ensino mais virado para as empresas", lembrou.

Por seu turno, o presidente dos Bombeiros de Marco de Canaveses e ex-comandante da corporação, Fernando Nazário, lembrou Belmiro de Azevedo como alguém que ajudava quando lhe era pedido.

"Não era uma pessoa de vir oferecer, mas quando se lhe batia à porta ele ajudava", lembrou, em declarações à Lusa, lamentando a morte do conterrâneo hoje, aos 79 anos.

Já o pároco de Tuías, localidade de Marco de Canaveses onde Belmiro de Azevedo tinha casa e passava por vezes o fim de semana, disse que o empresário se deslocava habitualmente à terra.

À Lusa, o padre António Carvalho recordou o empresário como um homem que se metia na sua quinta a descansar e que não era dado a muito convívio com a comunidade.