O professor e investigador Victor Correia decidiu olhar para a Bíblia de forma literal, apagando qualquer sentido religioso nas palavras. Entre muitas histórias — e contradições, diz —, encontrou inúmeras referências sexuais que até chega a considerar "pouco dignas de um livro religioso".
Frequentou a Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma, e fez licenciatura, mestrado e doutoramento na área da Filosofia, já em Portugal. Embora próximo dos temas religiosos, não se considera teólogo e é precisamente por isso que quer trazer o outro lado dos episódios bíblicos. Pelo meio, aponta o dedo à Igreja por não falar abertamente de tudo, embora reconheça que tem havido progressos nos últimos anos.
Em conversa com o SAPO24, conta o seu percurso na Igreja, que o levou da ideia de vocação religiosa ao abalo com alguns aspectos, e explica algumas das surpresas que encontrou e que deixa agora no livro "Sexualidade e Erotismo na Bíblia Sagrada", publicado pela Guerra e Paz.
"Pareceu-me que a Bíblia não é um livro inspirado por Deus, para ter tantos erros"
Gostava de começar por falar no seu percurso no que toca à religião. Refere no prefácio do livro que foi acólito, escuteiro, seminarista em Roma. Tudo isto ajudou a dedicar-se a estes temas?
A minha formação religiosa fez com que me interessasse por tudo isto. Eu queria ser padre e, em certo modo, é uma frustração não ter sido, mas não tinha vocação e então abandonei. Fui muito tempo acólito, fui seminarista e fiz parte de alguns grupos religiosos. Andei até muito tempo a atrasar o meu curso, só comecei a trabalhar aos 30 anos porque até lá fui insistindo naquilo que primeiro pensei que fosse a minha vocação.
Hoje continuo a ter interesse nas questões religiosas e foi isso mesmo que me fez interessar pela Bíblia, embora nos últimos tempos tenha ficado um pouco abalado porque vejo que há muitas contradições, coisas que num livro se diz de uma maneira e noutro de outra. E há também erros históricos e científicos e alguns absurdos.
Porquê abalado?
Em alguns momentos pareceu-me que a Bíblia não é um livro inspirado por Deus, para ter tantos erros, tantas contradições.
"Leio a Bíblia como de facto leio outra grande obra da humanidade"
Não é teólogo, mas sim um leitor da Bíblia. Ler a Bíblia como outro leria outro livro qualquer também ajuda a esta desconstrução dos textos?
Há as interpretações dos teólogos, mas a Bíblia pode ser lida por qualquer pessoa. Durante a Idade Média era lida apenas pelos padres; com Lutero, no século XVI, foi traduzida pela primeira vez para o vernáculo, neste caso para alemão, para que todo o povo tivesse acesso — e faz parte da tradição luterana a Bíblia ser dada ao povo de Deus e não apanágio da elite da Igreja, como o Papa e os Bispos. E a própria Igreja Católica hoje aceita isso.
Eu procurei não fazer grandes anotações no sentido de estar ali a divagar sobre o tema da sexualidade e erotismo. Há de facto relações de amor entre as personagens da Bíblia e eu faço os comentários apenas para chamar a atenção. Mas não são comentários propriamente de teologia, embora haja algumas questões teológicas.
Eu leio a Bíblia como de facto leio outra grande obra da humanidade, como a Odisseia de Homero, como as peças de teatro de Shakespeare ou outras, com os factos que lá estão. Não li a Bíblia com um sentido religioso, mas como a história do povo judeu.
No fundo é sair de uma leitura espiritual, sem olhar para as questões da doutrina, mas sim olhar para o texto de forma literal.
Olhar para o que lá está, sim. Também não vejo que haja grande espiritualidade ou ética em muitas coisas que se cometem. Há príncipes e reis que fazem coisas para terem as mulheres que querem e isso não tem espiritualidade nenhuma.
"Quando hoje se invoca a Bíblia como um modelo da família tradicional, monogâmica, isso está errado"
Coisas que também são fruto do contexto histórico? Há realmente referências a poligamia, prostituição, relações extraconjugais...
A poligamia, sim. Quase todos eles tiveram várias mulheres. Por isso, quando hoje se invoca a Bíblia como um modelo da família tradicional, monogâmica, isso está errado. A Bíblia não é monogâmica. Mesmo no Novo Testamento Cristo refere numa parábola as dez virgens para falar do Reino dos Céus.
Eram mulheres que tinham lâmpadas acesas e outras que tinham lâmpadas apagadas porque não tinham óleo. As que tinham óleo para as lâmpadas entraram para a casa do noivo e dizem que o Reino dos Céus é comparável a isto, porque é preciso vigiar e estar preparado, porque não sabemos a hora — e elas estavam sempre vigilantes. Mas o homem tem várias mulheres, portanto isto é um caso claro de poligamia. E mesmo antes de Cristo nascer a poligamia era um dado cultural. Mas não entendo porquê que a Igreja Católica hoje considera a poligamia algo errado e prega a mensagem de Cristo e da Bíblia como sendo fonte da verdade, daquilo que devemos praticar, enquanto lá também está tudo isto. É contraditório.
Mas esse texto, sendo uma parábola, tem também um lado metafórico.
No caso das mulheres que vão para casa do noivo, é metafórico a questão das lâmpadas. Umas cuidarem das lâmpadas e outras não terem comprado o óleo mostra uma imagem das consequências futuras. Mas ele vai para casa com as mulheres, literalmente. E o Reino dos Céus é comparável a este homem. E há discriminação das mulheres, porque umas vão e outras não. E eram todas mulheres dele, mas ele depois só ficou com algumas, desprezou as outras. Isto não me parece uma mensagem muito moral.
Como é que surgiu a ideia para este livro?
Há uns anos, publiquei um livro com o Clube do Autor e que se chama "Os Mistérios do Livro Sagrado - Contradições, Erros e Absurdos da Bíblia". Vi que havia muitas contradições e prestei sentido a esta parte das relações amorosas e da ética sexual. Vi muitas coisas que considerei injustas e absurdas e agora fui debruçar-me mais sobre esse tema. Mas andei algum tempo hesitante, porque já tinha falado um bocado sobre isto no outro livro e não sabia se devia fazer o resto da investigação sobre a sexualidade na Bíblia Sagrada. Agora dediquei-me só a isto e aprofundei o tema.
"Custou-me muito, porque não sou ateu, encontrar isto"
Quanto tempo demorou esta investigação?
Cerca de um ano. Já tinha feito a outra e fui depois complementar e comentar. Acrescentei também alguns capítulos. A lógica é sempre a mesma: retiro as citações da Bíblia e depois faço um comentário, com uma linguagem acessível para que o público perceba. Não entro em grandes teorias. Há autores que fazem muitas citações e isso cansa o leitor, não foi o que quis. Procurei tratar isto de uma forma que fosse aberta a todos.
Não sei se ainda se considera crente, mas com a sua vivência dentro da Igreja Católica não é difícil ler estas passagens de forma literal?
Custou-me muito, porque não sou ateu, encontrar isto. Por um lado fiquei "contente", porque afinal na Bíblia há pessoas como nós, com toda esta parte da sexualidade. E Deus não condena, ao contrário do que as pessoas pensam. Posso dar vários exemplos, basta ver algumas histórias. E mesmo em alguns casos em que se condena, Deus não castiga as pessoas. E há outros em que surgem pequenos castigos absurdos e essas pessoas continuam abençoadas por Deus. Mas abalou a minha fé.
"A Bíblia é um livro que tem muita sexualidade. Mas as pessoas não conhecem muitas passagens"
Tentou falar com algum padre ou alguém associado à Igreja para perceber porquê que se diz o que se diz, em contraste com o que está na Bíblia?
Não procurei que um padre me dissesse nada. Não falei, não. Hoje em dia, mesmo na Igreja Católica, há muitas interpretações. O Papa atual também não tem nada a ver com o passado.
A Bíblia é um livro que tem muita sexualidade. Mas as pessoas não conhecem muitas passagens, porque não são lidas na missa.
Mas estão lá. Qualquer crente pode ter acesso a isto, não é algo que esteja escondido.
Não, não está escondido. Mas também não está presente.
As pessoas não se apercebem porque não leem?
Ou fingem que não leem, desconhecem ou ignoram.
"A sexualidade faz parte do ser humano. Mas na Igreja consideram tudo isto como uma coisa secundária e arranjam interpretações"
É possível ignorar no sentido de "eu sei, eu li isto, mas não afeta a minha fé"?
Eu acho que não tem de afetar a fé das pessoas, depende sempre dos casos. A sexualidade faz parte do ser humano. Mas na Igreja consideram tudo isto como uma coisa secundária e arranjam interpretações, embora existam mesmo passagens que considero pouco dignas de um livro religioso.
Na Bíblia, nota-se uma grande diferença no que diz respeito ao Antigo e ao Novo Testamento, até ao nível de referências usadas. Porquê esta diferença tão grande?
No Antigo Testamento são mais promíscuos, mas não levavam aquilo a mal. São mais ousados, há mais guerras religiosas. As tribos de Israel andam em luta com outras tribos, depois havia saque das mulheres virgens. Certamente não as levavam para casa para decoração nem para empregadas. Eram guerras religiosas e os israelitas matavam os homens e levavam as mulheres. Mas há coisas absurdas: como é que eles sabiam quais eram as mulheres virgens? Deus diz "matem todos e levem convosco as mulheres virgens". Como é que eles sabiam? Isso não se vê pela cara.
Mas há de facto uma diferença. Aliás, eu acho que não faz sentido juntar o Antigo com o Novo Testamento. A mensagem de Cristo não tem muito a ver com o Antigo Testamento. Aliás, os próprios judeus apenas consideram o Antigo Testamento, porque não consideram que Cristo fosse Deus.
Há um grande contraste, desde logo a violência. Há batalhas, muitas guerras santas, muitos castigos, e isso no Novo Testamento não acontece.
No que diz respeito à sexualidade e ao erotismo, os exemplos que vai referindo ao longo do livro são muitos. Mas há passagens onde isso não é referido tão claramente, há apenas leves referências. Não há o perigo de se cair em más interpretações?
Mas há factos. É um facto que houve adultérios, poligamia, relações pré-conjugais. É um facto que houve vários homens e mulheres que praticaram incesto. Homens de Deus. E isso para mim é chocante. Há, por exemplo, o caso de Lot que teve sexo com as filhas. E Deus não o castigou. Que interpretações é que isto pode ter?
"A Igreja acaba por não falar destes temas. Dão sempre razões para o que lá está"
E há o lado das próprias filhas, que na prática são elas que embebedam o pai, que o enganam.
Mas Deus também as considera mulheres justas, por isso é que as preservou do incêndio de Sodoma. Apenas salvou Lot e as filhas porque eram justos. Então se eram justas, como é que iam fazer isto ao pai? A ideia é a de preservar a espécie humana: uma das razões dos intérpretes é ter sido um recurso, porque a mulher de Lot ficou em estátua por ter olhado para trás ao sair de Sodoma.
Contudo, ao contrário do que diz a Bíblia, havia mais cidades povoadas e elas sabiam disso. E mesmo assim fizeram-no. Mas não havia outras maneiras de preservar a espécie humana, se era isso que estava em causa? É pouco moral, é um dos exemplos da imoralidade da Bíblia. E há mais, mas a Igreja acaba por não falar destes temas. Dão sempre razões para o que lá está.
Quando ouve essas razões sente-se defraudado?
Não, é uma questão de interpretação. Mas não acho que faça sentido. É a questão das contradições. Neste caso de Lot, podiam dizer que ele não estava muito bêbado. Se estivesse não conseguia ter relações sexuais. E se estava ao ponto de não reconhecer as filhas, então também não conseguia ter ereção. Estava a cair de bêbado.
Se estivesse apenas ligeiramente bêbado, aí reconhecia-as. Tanto uma como outra. Não bate certo uma coisa com a outra. Outra interpretação que dão é o facto de ele estar bêbado e de não ter culpa por ter tido relações sexuais com elas. Ou estava apenas embriagado e aí já saberia. E ainda por cima foi no dia seguinte, foi uma de cada vez. No outro dia a outra filha volta a embriagá-lo. Durante o dia a bebedeira passa. E volta a ser embriagado? Acho tudo muito estranho. Mas isso é apenas um exemplo, há mais coisas que são um bocado absurdas.
De tempos a tempos vamos vendo algumas polémicas que envolvem textos bíblicos. Por exemplo, houve bíblias retiradas de escolas nos EUA por terem conteúdo considerado pornográfico.
E a verdade é que há muitos escândalos sexuais. E houve mesmo pais que se queixaram às escolas, mas na América há estados muito moralistas, mais conservadores. Disseram para não darem a Bíblia às crianças e foram retiradas. É um facto recente.
Por cá tivemos aquele episódio com um texto de S. Paulo, que refere que as mulheres se devem submeter aos maridos.
Também. Mas S. Paulo tem outro texto, uma carta dos Coríntios, em que é contraditório, em que fala na importância das relações sexuais para um casal. Diz que um homem e uma mulher devem entender-se na reciprocidade. Não deve ser apenas o homem a solicitar a mulher, mas também a mulher a solicitar o homem. A mulher deve estar disposta para o homem quando ele a deseja e quer algo dela, como o homem também deve estar receptivo a isso. O apóstolo Paulo considera que as relações sexuais devem acontecer quando qualquer um deles as desejar. E se um dos membros toma iniciativa, se tem vontade, o outro deve ser solícito, disponibilizando-se. Seja o marido, seja a mulher.
Voltando ao Antigo Testamento. Há algum episódio que o tenha marcado mais?
No sentido positivo, o que mais gosto é o Cântico dos Cânticos. É um livro mesmo erótico. Vê-se um casal — eles nem são casados, sequer —, um homem e uma mulher que trocam beijos e abraços. Têm uma linguagem muito erótica um para com o outro. Minha amada, meu amado... é um texto poético.
Há uns anos houve uma polémica, porque alguns padres, teólogos, pensaram em retirar este livro da Bíblia, por ser um livro erótico. Mas depois resolveram interpretar aquilo... eles arranjam sempre desculpas. Mas a Igreja hoje já admite que é mesmo um homem e uma mulher, mas na Idade Média interpretaram aquilo como se fosse Deus, o homem, e a Igreja, a mulher. Interpretaram assim a troca erótica de delícias amorosas. Era uma metáfora de Deus com a sua esposa Igreja. Mas a linguagem é erótica na mesma.
No sentido negativo, há alguns que são chocantes. Como o Levita, um sacerdote. Conta os pecados, tinha uma concubina e ela foi violada por outros homens que tinham relações sexuais com ela. Quando o Levita chega e a encontra morta à porta de casa, ele corta-a em pedaços e distribui pelas pessoas, pelo povo. Que culpa teve a mulher disso? E ele é uma espécie de padre. Isso choca muito. Ter esquartejado a própria mulher com quem vivia porque ela foi violada por outros.
"Nos evangelhos apócrifos fala-se de beijos e abraços e diz-se que Maria Madalena beijava Cristo na boca"
E no Novo Testamento? Embora seja um texto completamente diferente.
Há menos coisas, mas mesmo assim também há polémicas. A história mais conhecida é uma que não sou só eu que defendo, que é a relação entre Jesus e Maria Madalena. Dizem que houve uma relação íntima. Há quatro evangelhos — João, Mateus, Marcos e Lucas — reconhecidos pela Igreja Católica e outros que a Igreja não reconheceu, porque acha que há coisas que não devem ser aceites. São os apócrifos. E nesses evangelhos fala-se de beijos e abraços e diz-se que Maria Madalena beijava Cristo na boca, coisa que a Igreja não reconhece. Mas vários autores chamam a atenção para esta história, que diz que Maria Madalena seria amante de Jesus Cristo.
Isto é o que mais pessoas conhecem, como disse. Mas houve mais alguma coisa que o tivesse espantado?
Também há a polémica de Jesus e do discípulo amado, como diz mesmo na Bíblia. Durante a última ceia, enquanto estavam todos em volta da mesa, ele tinha a cabeça reclinada no peito de Cristo. Isto parece demasiada intimidade. E João é sempre o predileto de Cristo. Quando é crucificado, quem é que lá está? A mãe de Cristo e o discípulo amado, como se vê também nas pinturas. Isto tem levado várias pessoas a interpretar o sucedido como se fosse uma relação de amor entre eles, até íntima.
Mas há mais interpretações.
Pode dizer-se que eram apenas amigos. Mas isso não me convence. Eram meramente amigos? Então e era só um discípulo amado? Não tratou todos de igual maneira? Não eram todos amigos dele?
E há outros casos. Quando foram à procura de Cristo ao monte das oliveiras, para ser condenado, os soldados romanos encontram um jovem que fugiu todo nu, estava antes envolto apenas num lençol.
Se virmos na Bíblia, essa referência é realmente muito breve e sem mais contexto. Sabe-se mais?
Há uma carta de Clemente de Alexandria. Os teólogos têm visto que faltam ali coisas no Evangelho de Marcos. E há um apócrifo, o evangelho secreto de Marcos onde fala nisso, que é mais explícito. Causou escândalo porque diz que Jesus pede a um jovem para passar a noite com ele, o que mostra ali uma relação afetiva e erótica entre eles.
No que diz respeito a esta componente erótica, há até referências bíblicas que deram mesmo origem a termos que ainda hoje usamos. Recordo-me da questão do onanismo. Há mais casos destes?
Embora venha da Bíblia, a forma como usamos a palavra onanismo nem está correta nos dias de hoje. É a perda do sémen, mas por vezes as pessoas usam-na como sinónimo de um ato masturbatório. Não é a mesma coisa. Na história, Onã tem relações sexuais com a sua cunhada. O marido dela morreu, não tiveram filhos, e então o irmão do marido é obrigado a ter relações com ela. É um absurdo, isto. Ele não queria, porque ela não era a sua mulher, então há coito interrompido, ou seja, o sémen é atirado fora. E isso não é masturbação.
Também há a questão da sodomia. Sodoma era uma cidade do médio Oriente onde, supostamente, os homens tinham relações com outros homens e vem daí a palavra sodomia. Até os documentos da inquisição têm este termo, quando se punem os judeus, as feitiçarias, as bruxas e os sodomitas. Também não está corretamente interpretada, porque a própria Bíblia diz noutras passagens que o caso de Sodoma foi a falta de hospitalidade e os teólogos tendem a pensar assim também. Na história, Deus castiga todos em Sodoma, até as mulheres, as crianças, velhinhos, jovens. Serem todos queimados porque os homens estiveram com outros homens é injusto.
"Grande parte dos teólogos diz que a sexualidade é um dom de Deus. Eles não dizem que são contra as relações sexuais"
Para terminar, acha que a Igreja já está ou vai olhar para estes temas de maneira diferente?
Sim, sim. Mas também não sabemos se vai haver retrocessos. Tenho pena, porque a grande parte dos teólogos diz que a sexualidade é um dom de Deus. Eles não dizem que são contra as relações sexuais, ao contrário do que erroneamente as pessoas pensam. A Igreja é contra a prostituição, o incesto, o adultério. Mas a Igreja diz que um homem e uma mulher podem praticar relações sexuais, se se amarem; a sexualidade tem de ser integrada num plano de amor, sendo parte do amor entre duas pessoas. Não é pecado. Não é a sexualidade em si, mas a forma de a praticar.
E realmente já há muita evolução na Igreja. O Papa atual aprovou a bênção de casais homossexuais. Não aprova o casamento de pessoas do mesmo sexo, mas aprovou este ritual de bênção simbólica. As conferências episcopais receberam esta indicação em cada país e grande parte aceitou, como é o caso da portuguesa. Mas algumas, como em África, recusaram.
Outro caso: antigamente as crianças que eram filhas de mulheres solteiras não podiam ser batizadas e agora já podem. A criança tinha alguma culpa? Sem dúvida que tem evoluído muito.
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