“As eleições de 09 de agosto não foram nem livres nem justas. Os resultados anunciados foram manipulados e não conferem qualquer legitimidade”, afirmou à AFP um porta-voz da diplomacia norte-americana.

Lukashenko, cuja reeleição é fortemente contestada por milhares de pessoas em manifestações nas ruas do país, foi hoje empossado no cargo numa cerimónia em que prestou juramento em segredo para um sexto mandato e que só foi divulgada depois, o que provocou imediatamente uma nova manifestação da oposição na capital Minsk.

Washington apelou a um “diálogo nacional” que permita aos bielorrussos “usufruir do seu direito de escolher os seus dirigentes em eleições livres e justas sob observação internacional”.

“Libertar os detidos de forma injusta e pôr fim à repressão contra os cidadãos que se manifestam pacificamente deve ser uma primeira etapa em direção a um diálogo nacional sincero”, acrescentou o Departamento de Estado.

Segundo dados oficiais, Lukashenko foi reeleito com 80,1% dos votos nas eleições de 09 de agosto, resultado não reconhecido pela oposição ou pelo Ocidente e que desencadeou a maior vaga de protestos da história pós-soviética na Bielorrússia.

Após a posse, a oposição bielorrussa apelou aos protestos por tempo indeterminado.

“Nunca aceitaremos as fraudes e exigimos novas eleições”, disse Pavel Latushko, um dos líderes da oposição bielorrussa, numa mensagem publicada na rede social Telegram.

Latushko, ex-ministro da Cultura e membro do conselho de coordenação para a transferência pacífica do poder na Bielorrússia (entidade criada pela oposição), acrescentou que esta plataforma da oposição apela a todos a “uma ação de desobediência indefinida”.

A Bielorrússia tem sido palco de várias manifestações desde 09 de agosto.

Nos primeiros dias de protestos, a polícia deteve cerca de 7.000 pessoas e reprimiu centenas, suscitando protestos internacionais e ameaça de sanções.

Os Estados Unidos, a União Europeia (UE) e diversos países vizinhos da Bielorrússia rejeitaram a vitória eleitoral de Lukashenko e condenaram a repressão policial, exortando Minsk a estabelecer diálogo com a oposição.

A Alemanha já reagiu à tomada de posse de Lukashenko e afirmou que não a reconhece por “falta de legitimidade democrática”.

“Não foram preenchidas as exigências mínimas para eleições democráticas”, denunciou em conferência de imprensa o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, acrescentando que as contestadas eleições presidenciais de 09 de agosto na Bielorrússia “não foram nem justas nem livres”.

O Governo alemão apelou ainda, através do seu porta-voz, à “libertação de todos os presos políticos” e exortou as autoridades bielorrussas a prescindirem do uso da força contra os manifestantes.