"Fez este acordo para ter uma espécie de acordo de concertação social para a Europa ver, mas a direita já boicotou esse caminho. Não está na altura de abandonar esta medida para não termos outra vez esta discussão para o ano que vem", perguntou a coordenadora do Bloco, Catarina Martins, dirigindo-se a António Costa no parlamento, no debate quinzenal com a presença do chefe do Governo.
Na resposta, o primeiro-ministro disse perceber e "aceitar" que a medida, que tem marcado a agenda política dos últimos dias, seja "discutível", mas advogou que a mesma não "certifica o aumento do salário mínimo nacional", e com esta opção política o Estado "não despende dinheiro", antes "recebe menos” receita, “que não haveria sem esta medida".
"Infelizmente, a economia de hoje está muito devastada para a generalidade dos agentes económicos", prosseguiu Costa, sublinhando que 56% das empresas abrangidas pela medida empregam dez ou menos pessoas, e 80% têm até 50 trabalhadores, sendo apenas 5% aquelas que abarcam "mais de 500" quadros.
"Quem inventou a redução da TSU como contrapartida do aumento do salário mínimo foram o PSD e CDS quando estiveram no governo", disse ainda Catarina Martins, acrescentando todavia que, apesar de PSD e Bloco terem a mesma posição nesta fase, uma diferença os separa: "O BE votará contra a redução da TSU porque tem princípios, e o PSD votará contra a redução da TSU porque não tem nenhum princípio".
Depois, a líder bloquista interrogou o primeiro-ministro sobre o processo de venda do Novo Banco, voltando a defender que a entidade deveria ser nacionalizada: "O dinheiro, já o perdemos, mas queremos mesmo perder o controlo sobre o sistema financeiro", questionou.
Na resposta, Costa remeteu, como habitual, para o Banco de Portugal (BdP) a condução da negociação da venda do banco, criado a partir de uma parte do antigo BES, mas sublinhou não excluir "nenhuma solução" para o seu futuro.
"Não excluímos nenhuma solução: da nacionalização à alienação. Estamos disponíveis para aguardar e avaliar", disse, sublinhando nada querer fazer nesta fase para "perturbar as negociações" entre o banco central e os potenciais compradores.
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