“Tenho certeza que até o Benedito, ministro do STJ [Superior Tribunal de Justiça], agora integrante como relator do TSE, vai mudar o seu voto. Senhor Benedito é questão de coerência”, afirmou Jair Bolsonaro, aos jornalistas, citado na imprensa local, à saída do Senado, onde esteve reunido com alguns senadores, incluindo o seu filho, Flávio Bolsonaro.

Em relação à possibilidade de se tornar inelegível, Bolsonaro afirmou que “não gostaria de perder” os seus direitos políticos.

“Não sei se vou ser candidato o ano que vem a prefeito, vereador ou se no futuro vou ser senador ou presidente, não sei. Agora para ser candidato eu tenho que manter os meus direitos políticos e isso não é motivo”, defendeu.

O ex-presidente brasileiro tem o seu futuro político em jogo ao enfrentar na quinta-feira o seu primeiro julgamento, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o pode tornar inelegível para os próximos oitos anos.

Na ação argumenta-se que Jair Bolsonaro cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante uma reunião que o então chefe de Estado brasileiro organizou, em plena campanha eleitoral, com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, casa oficial do Presidente em Brasília, no dia 18 de julho de 2022.

Nesta reunião, Jair Bolsonaro lançou vários ataques infundados sobre a fiabilidade do processo eleitoral e, mais precisamente das urnas eletrónicas, utilizadas desde 1996 e validadas por vários organismos internacionais, e as mesmas que o elegeram para vários mandatos enquanto deputado federal e para Presidente.

De acordo com vários especialistas consultados pelos mais destacados órgãos de comunicação social, a maioria dos juízes votará pela inelegibilidade, havendo a expectativa de que Nunes Marques, indicado ao Supremo Tribunal Federal por Jair Bolsonaro, possa pedir mais tempo para analisar o processo, o que adiaria a conclusão do julgamento.

Para além disso, Bolsonaro tem mais de uma dúzia de processos que tramitam no TSE, entre ataques verbais ao sistema eleitoral e uso da máquina pública em benefício próprio, que o podem fazer perder os direitos políticos.

Bolsonaro, que ao ser derrotado nas eleições de outubro perdeu a imunidade, tem ainda, pelo menos, cinco investigações no Supremo Tribunal Federal que o podem levar à prisão.

O julgamento começa às 09:00 (13:00 em Lisboa) e sete juízes vão decidir pela manutenção dos direitos políticos, inelegibilidade, ou adiar a decisão.