“Não fomos informados. Disso apenas tenho conhecimento pela comunicação social”, afirmou à agência Lusa o comandante Hélder Melo, referindo-se à atualização do nível de alerta vulcânico em São Jorge.

Hoje, o Governo Regional, em conferência de imprensa, anunciou que o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) elevou o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa "possibilidade real de erupção".

Perante este cenário, o executivo açoriano recomendou à população com maiores vulnerabilidades da principal zona afetada na ilha de São Jorge (entre as Velas e a Fajã das Alma) que abandone as suas casas.

A agência Lusa circulou por aquela zona após o anúncio do governo açoriano e apenas encontrou uma família que se preparava para abandonar a freguesia de Velas, no concelho com o mesmo nome, para rumar à zona do Topo, concelho da Calheta.

“Ainda não estou por dentro de toda a informação. Já soube que passaram o nível de alerta para V4. Se as pessoas estão a abandonar ou não as suas residências, não há indicação. Que eu saiba, não há nenhuma indicação nesse sentido, pelo contrário. As pessoas não têm de ficar alarmadas”, assinalou.

O comandante apelou à população para seguir as informações dos serviços Municipal e Regional de Proteção Civil, lembrando que existe um “plano delineado”.

“Ninguém sabe o que aí vem, se é que vem alguma coisa. Quero acreditar que tudo o que nós temos será suficiente. A nível regional, o Serviço Regional de Proteção Civil, e sei que estão a trabalhar nessa perspetiva, apoia-nos caso seja necessário. Não estamos sós”, afirmou o responsável pelo comando composto por 30 bombeiros.

Hoje, o município das Velas divulgou os “pontos de referência” (para as pessoas que precisam de transporte), os “pontos de receção" (os destinos finais) e os “caminhos de referência” a utilizar em caso de ordem para evacuação das freguesias de Manadas, Urzelina, Santo Amaro, Velas, Norte Grande e Rosais.

O município acrescentou que o “alerta de evacuação será transmitido através da rádio local, das redes sociais das entidades competentes e também através dos sinos das igrejas”.

“Não queremos correrias. Dai a razão dos caminhos eventuais que deverão ser utilizados em caso de evacuação das freguesias para não concentrar tudo num único ponto e utilizar vários pontos para que não haja congestionamento. Apela-se à população que esteja serena”, reiterou o comandante dos bombeiros.

Desde sábado, já se registaram mais de 2.000 sismos na ilha de São Jorge, 142 dos quais sentidos pela população.

O Governo Regional já transferiu os doentes internados no Centro de Saúde das Velas, mais próximo dos epicentros dos sismos, para o Centro de Saúde da Calheta, na outra ponta da ilha, e, esta quinta-feira, deverá também transferir os idosos da estrutura residencial das Velas.

Estão igualmente identificados “vários espaços” no concelho da Calheta para alojar a população que necessite.

“Muitas pessoas têm familiares fora deste perímetro, entre a Fajã das Almas e as Velas, que poderão ser acolhidas pelas respetivas famílias ou pessoas próximas. Para além disso, estão identificados alguns espaços, nomeadamente nas escolas, que são espaços de construção robusta, na Calheta e no Topo, onde podem ter acesso a segurança e comodidade”, disse hoje o secretário da Saúde Clélio Meneses, que tutela a Proteção Civil.