A conferência, que marca o primeiro aniversário do canal CNN Portugal, terá lugar no próximo dia 21 de novembro, no Myriad Crystral Center, em Lisboa, e contará com vários oradores nacionais e internacionais.

Marcelo Rebelo de Sousa fará as honras de abertura e António Costa o encerramento. A estes nomes junta-se o do Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, o ministro das Finanças, Fernando Medina, o presidente da câmara de Lisboa, Carlos Moedas, e o comentador político Paulo Portas.

Entre os destaques internacionais está Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, e Bob Woodward, o jornalista que denunciou (ao lado Carl Bernstein) o escândalo Watergate, que culminou na deposição do presidente Richard Nixon, em 1974, e que assina 18 livros, entre os quais "Medo - Trump na Casa Branca", lançado em 2018.

Agora, a organização confirma ainda a presença do ex-primeiro ministro britânico, Boris Johnson, mas num jantar exclusivo, ainda no dia 21 de novembro, onde fará uma intervenção sobre a Guerra da Ucrânia e as transformações geopolíticas que daí resultam.

Este é, aliás, o tema que irá dominar toda a conferência, onde os protagonistas serão ainda desafiados a fazer uma antevisão de 2023.

Segue-se uma conversa entre Johnson e o jornalista da CNN Internacional Richard Quest.

Admirador de Winston Churchill, Boris Johnson foi uma figura exuberante que liderou o Reino Unido numa época de crise, acabando por ser vítima de uma série de escândalos que viraram o próprio partido Conservador contra o líder.

Controverso, do "currículo" de Johnson constam os despedimentos do jornal The Times, por ter inventado uma citação, e, já como deputado, do governo sombra de Michael Howard por ter mentido sobre um caso extraconjugal.

Johnson ficou também conhecido pelos comentários ofensivos, chamando canibais aos habitantes da Papua Nova Guiné e comparando mulheres muçulmanas que usam véus de cobertura facial a "caixas de correio”.

No entanto, o seu carisma e a rede de boas relações construída no colégio interno de Eton, frequentado por políticos, aristocratas e membros da realiza britânicos e, mais tarde, na universidade de Oxford, ajudaram-no.

Entre os sucessos contam-se dois mandatos como presidente da Câmara Municipal de Londres, a vitória do ‘Brexit’ no referendo de 2016 e a maioria absoluta nas eleições legislativas de 2019.

Logo depois, o mundo foi surpreendido pela pandemia covid-19, tal como Johnson, que inicialmente parecia relaxado acerca da ameaça que o novo coronavírus representava para o Reino Unido, país que acabou por tornar-se num dos com mais mortes.

A forma como Johnson, que esteve internado nos cuidados intensivos com a doença durante vários dias, geriu a pandemia dividiu opiniões, porque variou entre confinamentos e o levantamento rápido de restrições, ambos aplaudidos e criticados.

O investimento cedo no desenvolvimento e compra de vacinas e o sucesso do programa de vacinação ajudou a dar-lhe um impulso nas sondagens, mas Johnson continuou a ser ensombrado por escândalos.

Enfrentou alegações sobre um empréstimo que pediu a um militante conservador rico para as obras de renovação dos aposentos em Downing Street e foi acusado de subversão quando o governo tentou alterar as normas parlamentares para proteger um deputado culpado de tentar influenciar ilicitamente ministros.

O ‘partygate’ — escândalo das festas em Downing Street durante o confinamento — quase que o derrubou, mas sobreviveu a uma moção de censura interna graças, em parte, à forma resoluta como o Reino Unido apoiou militarmente, financeiramente e moralmente a Ucrânia contra a invasão da Rússia.

Porém, no final a gota de água foi a forma desastrosa como tentou minimizar as alegações de conduta sexual imprópria por um membro do governo que sabia ter antecedentes quando o nomeou.

Agastados, vários ministros que tinham defendido Johnson demitiram-se do governo em massa invocando uma questão de “integridade", não deixando Johnson outra escolha senão demitir-se também.

*Com Lusa