“Espero poder falar em breve com o Governo e ter informação sobre o grau de prontidão das medidas que se impõem, para depois me poder pronunciar publicamente, em breve, sobre esse assunto”, disse Pedro Santana Lopes em declarações à agência Lusa.

O líder da Aliança reuniu-se hoje com uma delegação da Confederação do Turismo Português, na qual o Brexit, e os seus efeitos no país, estiveram em cima da mesa.

“Queremos ter essa informação da parte do Governo para também podermos dar as nossas sugestões e estarmos tranquilos quanto aquilo que está a ser feito”, afirmou Santana.

Esse encontro foi pedido hoje, e quando acontecer, além de Pedro Santana Lopes, deverá estar presente também “o embaixador Martins da Cruz, que foi Ministro dos Negócios Estrangeiros também”, informou o líder.

Santana referiu que “há, sem dúvida, já um retrocesso no número de turistas ingleses a chegar”, o que “é naturalmente motivo de preocupação”.

Considerando que “aqui há um domínio de política externa e depois de política interna”, o antigo primeiro-ministro salientou que o partido está preocupado “com o que tem sido, ou não tem sido, noticiado de preparação para as consequências do Brexit”.

“Do ponto de vista do acompanhamento da situação dos portugueses que lá vivem julgo que tem passos positivos”, apontou Santana Lopes.

Já em matéria dos reflexos na economia portuguesa da saída do Reino Unido da União Europeia, o antigo governante defendeu que “é preciso fazer mais, e muito mais”, e que na “parte fiscal e outras medidas para a economia” ainda está à espera de passos que de facto tenham algum significado e consequências positivas”.

Ainda assim, Santana Lopes diz que a Aliança não quer ser um partido “destrutivo ou negativista”, mas sim “construtivo nesta matéria, e ajudar a um entendimento nacional numa matéria que é muito sensível, naturalmente, para Portugal e para sua economia, e para os direitos dos seus cidadãos”.

“Admito que esteja a ser preparado sem ser divulgado, mas juntamos a nossa voz aqueles que dizem ao Governo que é necessário quase uma equipa de missão, uma unidade de missão, a funcionar 24 horas. E julgo que as autoridades portuguesas estão despertas para isso”, assinalou.

O parlamento britânico vota hoje o acordo de saída negociado entre Londres e Bruxelas, que assegura uma saída ordenada e um período de transição até dezembro de 2020, mas as hipóteses de o acordo ser chumbado são consideráveis.

Um chumbo do documento pode obrigar o governo britânico a pedir uma extensão do período de negociações estipulado pelo artigo 50.º do Tratado de Lisboa, que termina a 29 de março.

Existe também a possibilidade, validada pelo Tribunal Europeu de Justiça, de o governo britânico revogar unilateralmente o pedido de saída da União.

A reunião com a Confederação do Turismo Português serviu para perceber “quais são as suas preocupações fundamentais e aquilo que, no seu entender, é mais importante para um setor tão fundamental para a economia portuguesa hoje em dia”, precisou o líder da Aliança.

Entre os temas abordados estiveram também a “legislação laboral quanto ao banco de horas individual”, o aeroporto do Montijo, as esperas para passar o controlo do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras do Aeroporto Humberto Delgado (em Lisboa), ou o alojamento local.