Após um encontro com Theresa May na sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, Donald Tusk deu conta, na rede social Twitter, de uma “discussão longa e franca” com a primeira-ministra britânica “antes da cimeira do ‘Brexit'”, que convocou para a próxima quinta-feira após o governo britânico ter decidido adiar a votação no parlamento do acordo para a saída ordenada do Reino Unido do bloco europeu.
“É claro que a UE27 quer ajudar. A questão é como”, conclui o presidente do Conselho Europeu na sua mensagem.
Por seu lado, Theresa May, que hoje já esteve em Haia e em Berlim antes das reuniões em Bruxelas — com Tusk e com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, esta última a decorrer hoje à noite –, afirmou que “há uma determinação partilhada de lidar com esta questão e resolver o problema”.
No entanto, os líderes da UE têm advertido que está fora de questão renegociar o acordo firmado com Londres e já aprovado pelos chefes de Estado e de Governo da UE a 27 em 25 de novembro passado, uma ideia reiterada hoje por Juncker num debate no Parlamento Europeu.
“Estou espantado, porque chegámos a um acordo com o governo britânico. No entanto, surgiram problemas no caminho. Vou encontrar-me com Theresa May esta noite e tenho de dizer aqui, no PE, que o acordo que alcançámos é o melhor acordo, é o único acordo possível. Não há qualquer espaço para uma renegociação, há sim espaço suficiente para clarificações. Todos precisam de saber que o acordo de saída não vai ser reaberto, isso não vai acontecer”, asseverou.
Também Tusk, quando anunciou na segunda-feira a realização de uma reunião de líderes sobre o ‘Brexit’ na próxima quinta-feira, advertiu desde logo que não há espaço para reabertura de negociações.
“Não vamos renegociar o acordo, incluindo o ‘backstop’, mas estamos prontos a discutir como facilitar a ratificação pelo Reino Unido”, escreveu então Tusk, acrescentando que, “uma vez que o tempo está a esgotar-se”, os líderes da União Europeia a 27 irão também discutir “preparativos para o cenário de um não-acordo”.
Na segunda-feira, perante a ausência de uma maioria no parlamento que lhe permitisse confirmar o pacto negociado com a UE e que recebeu a aprovação dos restantes 27 Estados-membros, May, admitindo que o acordo seria rejeitado na votação agendada para hoje por “larga margem”, anunciou que a votação foi adiada para tentar obter “garantias adicionais” de Bruxelas sobre a Irlanda do Norte.
A chefe do Governo acrescentou que iria dialogar com os líderes europeus antes da cimeira desta semana para tentar esclarecer os termos do mecanismo de salvaguarda previsto para evitar o regresso de uma fronteira na ilha da Irlanda, o tema mais difícil das negociações e que originou as maiores divergências.
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