A denúncia partiu de um passageiro que iria voar de Luanda para Lisboa no dia 14 de agosto, um voo entretanto cancelado, e que após sucessivas e infrutíferas tentativas de contacto com o ‘call center’ da TAP acabou por ir ter à página “TAP Air Portugal Luanda” no Facebook.
“Como estava muito desesperado para viajar, liguei e disseram que o voo iria realizar-se no dia 16 de agosto, mas teria de pagar uma taxa para emitir um novo bilhete”, contou à Lusa o empresário brasileiro Carlos A., que se apercebeu mais tarde ter sido vítima de fraude.
Os burlões começaram por cobrar 98.888 kwanzas (142 euros), um valor que teria de ser pago em 40 minutos e que Carlos A. pagou, conforme comprovativo enviado à Lusa.
O empresário recebeu logo a seguir novo contacto, exigindo mais dinheiro, alegando um engano.
Senhor “Carlos tá a haver uma complicação devido do valor (sic). Foi um erro nosso, o valor não está a ser compatível, o valor a pagar é de AOA 178.888,00 (257 euros). Seja breve”, lê-se nas mensagens que recebeu.
Foi aí que dispararam os alarmes. “Aí desconfiei e fui procurar a loja física da TAP”, disse.
A TAP mantém as suas duas lojas física em Luanda (na cidade e no aeroporto) fechadas, mas Carlos A. deparou-se na porta com um aviso, datado de 19 de fevereiro, informando que TAP “não se responsabiliza por transações para pagamento de serviços TAP que sejam feitos por terceiros” e disponibilizando para contacto o email tapluanda@tap.pt e os telefones +244 923 167 300/1/2/9/18.
“Caí nesta armadilha”, desabafou o empresário, que já apresentou queixa na polícia.
“Na pressa e na ansiedade, num momento em que o país se encontra com fronteiras e aeroportos fechados, sem ter com quem conversar e tirar dúvidas”, o “desespero” falou mais forte e Carlos A. acabou por ser burlado.
O empresário lamenta nunca ter conseguido falar com a TAP: “na página da TAP oficial há um post em que admitem a dificuldade no atendimento, dizem que demoram a atender, mas a verdade é que eu não consegui nem ser atendido”.
Carlos A. adiantou ainda que os burlões já voltaram a contactá-lo, usando três números diferentes de telemóvel, na tentativa de extorquir mais dinheiro.
A Lusa contactou um dos números disponibilizados pela página com a suposta intenção de adquirir uma passagem de ida e volta Luanda-Lisboa-Luanda.
Do outro lado, um pretenso funcionário do balcão da TAP em Luanda indicou ter cinco passagens disponíveis para um voo Luanda-Lisboa no dia 20 de agosto e que poderia garantir o regresso à capital angolana a 17 de setembro.
A pessoa, que se identificou como Camilo Mujingo, pediu uma fotografia do passaporte, para enviar as coordenadas bancárias devendo o pagamento ser feito em 45 minutos, sendo o bilhete emitido de seguida.
Segundo informou, a passagem de ida custaria 269.999 kwanzas (389 euros) e um bilhete de ida e volta 423.444 kwanzas (610 euros), “preços promocionais”.
Contactada pela Lusa, a TAP informou que sempre que deteta este tipo de fraudes denuncia as respetivas páginas ao Facebook, o que já foi feito no caso em questão.
“Adicionalmente a TAP apresentou ainda queixa às autoridades angolanas”, informou fonte da transportadora aérea, salientando que os contactos “no referido post fraudulento” não são da TAP.
A TAP reforçou ainda o alerta aos seus passageiros para não que não partilhem quaisquer dados pessoais com perfis ou páginas que não as oficiais da empresa.
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