A Câmara de Coimbra tem submetidos dois projetos de habitação de arrendamento acessível, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), um dos quais implica a construção de um novo prédio na rua Padre António Vieira, no centro da cidade, disse a vereadora Ana Cortez Vaz, que tem o pelouro da habitação social e da gestão do parque habitacional municipal.
Esta empreitada, a ser realizada em terreno da autarquia (atrás do edifício da Polícia Municipal), prevê 20 novos fogos (oito de tipologia T0 e 12 T2), referiu a vereadora.
Para além deste projeto, também no âmbito do arrendamento acessível, está submetida na Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra uma requalificação de um prédio devoluto municipal em Vale de Figueiras, no valor de um milhão de euros, em que estão previstos seis fogos (quatro T2 e dois T1), acrescentou.
Segundo Ana Cortez Vaz, para além destes dois projetos, a Câmara de Coimbra tem outros possíveis investimentos em vista, no âmbito do PRR.
“É um processo que ainda não está completamente fechado por parte da Câmara”, notou.
O maior investimento no parque habitacional municipal estará concentrado na Quinta das Bicas, em Taveiro, onde a Câmara de Coimbra prevê construir 268 fogos de habitação social, num investimento que irá rondar os 45 milhões de euros, no âmbito do PRR.
De acordo com a vereadora, a Câmara de Coimbra prevê lançar o concurso para aquela obra em fevereiro.
Questionada sobre a possibilidade de se estar a criar um gueto em Taveiro, a vereadora salientou que o perfil de pessoas que hoje pedem habitação social mudou: “São pessoas que trabalham e precisam de uma casa”.
Realçou também que o projeto prevê assistentes sociais a trabalhar em proximidade, equipamentos municipais de apoio e espaço público criado.
Para Ana Cortez Vaz, o investimento na Quinta das Bicas “não vai resolver” o problema de falta de habitação pública em Coimbra, “mas vai ajudar muito”.
Em 2023, a Câmara Municipal registou o valor mais alto de pedidos de habitação social no concelho nos últimos 15 anos, com 178 novos pedidos.
De momento, há um total de 582 processos ativos de pedidos de habitação social.
“Estamos a receber cada vez mais pedidos de ajuda na Câmara de Coimbra de particulares que vivem em habitações arrendadas, cujos proprietários vão fazendo denúncia do contrato”, notou, sublinhando que a crise da habitação que se vive em Portugal “está a levar a preços muito elevados no mercado privado de arrendamento”.
Ana Cortez Vaz referiu que “há pessoas que estão na iminência de pura e simplesmente ir para a rua, porque o mercado de arrendamento privado não está a suportar nada”.
“Hoje em dia, devido a esta crise, temos muitas famílias que trabalham, que têm o seu ordenado, mas que não conseguem fazer face às despesas do arrendamento”, constatou.
Apesar disso, a vereadora salientou que o município tem conseguido evitar que famílias fiquem “na rua”, com os técnicos municipais, muitas vezes, a serem “quase agentes imobiliários e tentarem encontrar alternativas” para as famílias que pedem ajuda, num momento em que o parque habitacional municipal não dá resposta a todos os pedidos que chegam.
“Até ao dia de hoje, a Câmara tem conseguido dar resposta, nem que seja ao abrigo da exceção, em que a pessoa que está na lista de espera, sob a iminência de ficar sem abrigo, passa à frente”, disse, referindo que, por vezes, são também ativadas as comissões sociais de freguesia para um apoio pontual no pagamento de "duas ou três rendas”.
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