“Esta tragédia não teria acontecido se tivéssemos meios aéreos na primeira hora” após a deflagração do fogo, disse José Carlos Alexandrino à agência Lusa.

O autarca reagia às conclusões do relatório da comissão técnica independente que analisou os grandes incêndios rurais de outubro de 2017, envolvendo oito distritos das regiões Centro e Norte, o qual foi entregue na terça-feira na Assembleia da República.

Na sua opinião, “não houve resposta na primeira hora” e “todos ficaram abandonados”, acrescentou.

“Aí é que claudicámos”, afirmou o autarca, que cumpre um terceiro mandato pelo PS na presidência do município de Oliveira do Hospital, distrito de Coimbra, na condição de independente.

Para José Carlos Alexandrino, “se há responsabilidade” do Estado na tragédia de 15 e 16 de outubro de 2017, “é sobretudo neste ponto” da falta de meios aéreos.

O presidente da Câmara Municipal defendeu que “a profissionalização da estrutura” de proteção civil, mantendo a rede de bombeiros voluntários, é um dos caminhos a assumir pelo Estado no futuro.

“A batalha dos fogos ganha-se na primeira intervenção”, sublinhou.

O relatório da comissão técnica independente, que atualiza para 48 o número de mortos nestes incêndios de outubro de 2017, conclui que falhou a capacidade de “previsão e programação” para “minimizar a extensão” do fogo na região Centro (onde ocorreram as mortes), perante as previsões meteorológicas de temperaturas elevadas e vento.

A junção de vários fatores meteorológicos, descreve, constituiu “o maior fenómeno piro-convectivo registado na Europa até ao momento e o maior do mundo em 2017, com uma média de 10 mil hectares ardidos por hora entre as 16:00 do dia 15 de outubro e as 05:00 do dia 16”.

Contudo, acrescenta, a Autoridade Nacional de Proteção Civil pediu um reforço de meios para combater estes incêndios devido às condições meteorológicas, mas não obteve “plena autorização a nível superior”, enquanto a atuação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) “foi limitada” por falhas na rede de comunicações.

Os peritos consideram que tem de haver das autoridades “flexibilidade para ter meios de previsão e combate em qualquer época do ano” e defendem a criação de uma unidade de missão para reorganizar os bombeiros.