Escreve o Público que o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra será a quarta instituição em Portugal a ter tratamentos com células CAR-T.

O tratamento com células geneticamente modificadas, que já foi aplicado em pelo menos 51 doentes, acontece desde 2019 no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, no IPO de Lisboa e no Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN).

O Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto administrou pela primeira vez em Portugal uma terapia no tratamento do cancro do sangue assente na modificação genética de células, que supõe uma taxa de sucesso de 40%, em maio de 2019.

Em declarações à Lusa, o diretor da Clínica de Onco-Hematologia, José Mário Mariz, explicou então que esta terapia se aplica apenas a dois tipos de tumores – linfomas e leucemias – e em doentes cuja doença não está controlada, mesmo depois de submetidos a todas as terapêuticas convencionais.

O médico adiantou que, esgotando todas as possibilidades de tratamentos, esses doentes ficam sem opções e, “infelizmente”, com uma esperança média de vida de seis meses.

Com a administração desta nova terapia, porém, 40% desses doentes têm a doença controlada ao fim de dois anos.

“Não sendo excecional é bastante melhor do que o que tínhamos até agora. Há doentes em que a terapia vai falhar, infelizmente, mas cerca de 40% deles vão estar curados ou com a doença controlada ao fim de dois anos”, frisou.

Apesar de falar num “grande avanço”, o clínico sublinhou que “infelizmente” este tratamento não vai resolver todos os cancros de sangue, mas é uma importante “arma terapêutica”.

Quanto ao processo em si, José Mário Mariz explicou à data que a “grande inovação” da terapia passa por células geneticamente modificadas.

Segundo o médico, o processo começa com a recolha de linfócitos dos doentes que, posteriormente, são enviados para um laboratório nos Estados Unidos da América (EUA) onde vão ser geneticamente modificados para detetar e destruir as células cancerígenas.

“Este processo, desde a colheita ao laboratório e ao regresso ao hospital de origem, demora cerca de quatro semanas. As células chegam criopreservadas e podem manter-se por um ano”, explicou.

Ainda que não se discutam preços em Portugal sobre a aplicação desta terapia inovadora, José Mário Mariz contou que nos EUA só o tratamento ronda os 400 mil euros por doente, valor que não engloba os gastos indiretos, mas apenas a transformação das células.

*Com Lusa