Em 2017 passarão 25 anos desde a assinatura do tratado fundador da UE, e no sábado é promovido em Maastricht pelo SP - força política holandesa - um encontro que assinala a efeméride e onde a coordenadora do BE, Catarina Martins, é uma das oradoras.
Em debate, diz a própria, estarão "respostas e alternativas" ao projeto europeu, até porque nesta fase a "esquerda debate alternativas e não propriamente alterações à UE, porque a UE parece" nos dias que correm "um projeto falhado".
"Há uma necessidade de recuperar instrumentos de soberania democrática para os Estados", disse ainda a bloquista, contactada telefonicamente pela agência Lusa.
E prosseguiu: "Embora [o tratado de Maastricht] tenha prometido convergência social, o que acabou por acontecer foi uma perda de soberania dos Estados, uma divergência crescente, e um poder do sistema financeiro sobre as democracias que fez com que a crise fosse neste momento sinónimo da UE".
Para Catarina Martins, entre os problemas maiores do projeto europeu e dos Estados-membros estão o desemprego global, o peso da dívida nas economias dos países e a crise dos refugiados.
Questionada sobre de que forma a esquerda europeia olha para o BE agora que o partido viabiliza - por via de um acordo parlamentar com o PS - o atual Governo de Portugal, Catarina Martins diz que esta é uma opção "compreendida" na Europa.
"Ter um acordo com o PS que é governo é algo que temos explicado e tem sido compreendido na Europa como a afirmação de necessidade urgente de parar a destruição de direitos sociais, as privatizações, a destruição de rendimentos de trabalho que estava a ser feita pela direita", vincou, acrescentando que os ganhos são ainda "insuficientes", e havendo necessidade de ir mais além em matérias como o peso da dívida e dos seus juros na economia portuguesa.
O Tratado de Maastricht, que entrou em vigor em 01 de novembro de 1993, "transformou" a então Comunidade Económica Europeia (CEE) na atual UE, conferindo-lhe uma dimensão política até ai inexistente, muito para lá de um simples mercado comum.
Maastricht constitui um marco no processo de integração europeia, já que, além de criar a União Económica e Monetária (UEM), abrindo o caminho à moeda única, instituiu uma União Europeia, então com 12 Estados-membros, assente em três pilares, com a adição de duas novas áreas de cooperação política, a Política Externa e de Segurança Comum e a cooperação policial e judiciária em matéria penal.
O Tratado, que seria assinado após longas negociações, surgiu na sequência de duas conferências intergovernamentais: uma relativa à UEM, e outra respeitante à união política, esta segunda muito por força de uma iniciativa franco-alemã, com vista a acelerar a construção política da Europa, num contexto propício, criado pelo colapso da "Cortina de Ferro" e pela reunificação da Alemanha.
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